CILENE PICCOLO

CILENE PICCOLO

SOBRE  VIVÊNCIA

Prezado Leitor, você terá contato semanalmente com temas sobre 'a vida, razão e sentimentos', com a autora Cilene Cristina S. Piccolo.

Cilene Piccolo é natural de Araçatuba (carioca de coração); professora do Ensino Fundamental, com especialização em pré-escola; secretária, mãe, avó; escritora por amor à Literatura.  Considera-se um ser em construção, aberta a novos conhecimentos, trocas e interações. Ama livros, boa música, amizades e liberdade. Apaixonada... pela vida!

-- Acompanhe de perto...


O DIREITO DE SER FELIZ

Entre alguns dos meus questionamentos, um sempre foi o mais contundente.

Nunca fui uma pessoa materialista. Gosto de conforto, conquistar minhas coisas, passear, viajar, comer bem e jamais duvidei que tudo isso não era meu direito.

Mas... E ser feliz? Existe um conceito absoluto sobre felicidade?

A felicidade é um estado da alma. Para uns é financeira, para outros é amorosa, outros, porém, é sobre ser saudável e outros tantos ainda nem sequer descobriram o motivo.

Talvez seja um conjunto de todas essas condições.

Cada um de nós tem uma visão particular sobre esse prisma. A felicidade não é tangível, muito menos visível, entretanto, todos percebemos rapidamente quando alguém está feliz. Por muito tempo permaneci nesse estado de "expectativa", pensando: eu tenho o direito de ser feliz?

Vivi tantas situações difíceis, pensei até em desistir de tudo... Ah, o que é isso? Onde está a guerreira? Durante a "batalha" diária, surge a estratégia e assim vamos burlando os problemas, descobrindo as soluções, conquistando os objetivos.

Ser feliz é conceitual, atípico, fora dos padrões atuais, onde o imediatismo e a cultura da melancolia têm a pretensão de se instaurarem na sociedade.

Vivo um dia de cada vez. Às vezes cantando e sorrindo sem motivos, tirando forças de onde não tenho, às vezes enxugando as lágrimas que insistem em cair, mas vou sobrevivendo com a plena certeza de que todos temos o direito à felicidade, seja ela momentânea ou permanente.

'O essencial para a nossa felicidade é a nossa condição íntima, e desta somos nós os senhores.' - Epicuro (17/09/2025)


SINAPSE

Como a vida é incrível...

Vivemos experiências únicas e cada uma delas vem acrescentar sentido à nossa existência.

O amor, por exemplo, quantas coisas lindas e maravilhosas vêm com ele. Falo de um amor real, recíproco e sem nenhum interesse, a não ser ao ser amado.

Um amor que resiste ao tempo, à distância e a toda e qualquer dificuldade.

A sinapse precisa ser completa. Conexão entre almas. A verídica integração da química entre ambos.

Pele, sentidos, entrosamento físico, enfim, tudo conspira a favor.

Porém, chegar a tal conexão não é tarefa fácil. Alguns ajustes precisam ser feitos, pois, afinal, são dois seres complexos, vindos de "universos" diferentes, educação familiar, formação e, para tanto, demanda-se um certo tempo para as devidas adaptações.

Olhar e perceber quando o outro tem alguma necessidade, quando precisa de descanso, um tempo solitário para organizar os pensamentos, quando precisa falar e ser ouvido, quando precisa até mesmo chorar e lamentar-se. Saber compreender e acolher. Saber esperar a ocasião propícia para dar opiniões. Respeitar o espaço, aceitar as amizades e os familiares. Tudo é um conjunto e tudo é bem complexo. Mas o amor supera.

Não importa o que tenhamos que passar e superar, sempre vale a pena. É o que dá sentido às nossas vidas.

Não é o dinheiro, não são os bens materiais, status, posição social ou qualquer outro dispositivo, amar e ser amado é a maior dádiva da vida. E não existe classe social, etnia ou qualquer outra motivação que separa dois seres que se amam de verdade.

Escolher partilhar a vida e enfrentar os desafios cotidianos, tem um sabor especial. Enfim, a sinapse ajuda a encontrar soluções onde antes só havia problemas.

Somos seres criados para conviver uns com os outros de forma intensiva.

Amar é olhar a vida e saber que nossa existência só ganha sentido real quando estamos perto do nosso verdadeiro amor. 

'Se eu tivesse uma flor para cada vez que eu pensasse em você... eu poderia andar pelo meu jardim para sempre.' - Alfred Tennyson (14/09/2025)


SÍNDROME DO PROTAGONISTA

Sou uma pessoa observadora e gosto de me manter atualizada. Há certas coisas, no entanto, que por mais que me esforce, não consigo considerar.

Sei que ultimamente as pessoas deixaram de viver e estão apenas existindo e com toda essa exposição nas redes sociais, vieram também as "sequelas". Claro, não falo apenas de ordem física, mas principalmente, de ordem psíquica.

Leio muito, assisto a podcasts e converso com profissionais da área da saúde e afins.

Uma temática que achei intrigante é essa: síndrome do protagonista. O ser humano é naturalmente egocêntrico, salvo raríssimas exceções. Mas esse paradoxo tem um fundo de razão.

Antes do advento da internet, muitas coisas passavam desapercebidas. Atualmente com tudo resumido a apenas um "click", temos acesso a praticamente tudo. O protagonismo exagerado, tira a percepção do mundo. Transforma tudo e todos em meros expectadores. Estou falando dos excessos e exageros.

Não é errado cuidar da saúde, da própria vida e dos interesses pessoais, porém, pensar que estamos num "palco" e que os demais são meros coadjuvantes, é onde mora o perigo. Excesso de tela e a necessidade de "expor" tudo o que se vive é um dos pontos em questão.

Vivemos isso, a síndrome do protagonista, onde somos os "atores" principais. Postamos tudo e vivemos quase nada. O ser humano caminha a passos largos para sua decadência. É momento de despertar. Viver mais, ser mais empático, menos egoísta e mais altruísta. Existe vida além da mídia.

Viva. Apenas viva.

'Penso, logo existo.' - em latim: 'Cogito, ergo sum'. - René Descartes (11/09/2025)


TELHADO DE VIDRO

Já reparou como todos nós temos o péssimo hábito de julgar nosso semelhante? Tudo o que destoa de nossa régua comportamental já é motivo suficiente para que isso ocorra.

No entanto, esquecemos que para as outras pessoas, também sofremos o mesmo efeito. O problema é que estigmatizamos as outras pessoas sem nos preocuparmos em nos autoanalisar.

Algumas famílias têm pessoas com deficiência, talvez adictas ou alcoólatras, com problemas conjugais, filhos rebeldes ou indisciplinados, mas na casa alheia, isso é potencializado. Ou talvez, com algum parente em situação de privação da liberdade, sob investigação ou até, de descendência ou etnia diferente. Pois então, observando toda essa pluralidade, por que nossa tendência é sempre "julgar"?

"Ah, o filho de fulano fez isso, o vizinho está brigando com a esposa, eu não concordo com o tipo de educação que a vizinha dá aos seus filhos"... quanta hipocrisia e mediocridade.

Esquecemos que o nosso telhado também é de vidro, não existe ninguém perfeito e a qualquer momento o que era algo vergonhoso para o vizinho, amigo ou na casa ao lado, pode se virar contra nós mesmos. A "pedra" poderá cair sobre nós.

Cuidar da própria vida, corrigir-se ao invés de fazer apontamentos é, sem dúvida, a melhor opção. Não sou dona da verdade, contudo todos os dias aprendo e a experiência dos anos me faz refletir e constatar que preciso evoluir cada dia mais. Vamos optar por menos julgamentos e mais empatia.

'Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas uma outra alma humana' -  Carl Jung (09/09/2025) 


O SILÊNCIO QUE GRITA

Sabe aquela sensação de impotência diante de um momento difícil e angustiante? Quando passamos por uma dificuldade e sofremos em silêncio, pois não há ninguém para ouvir?

Então, sofremos calados, sorrindo por fora e quebrados por dentro.

Por vezes, estamos enfrentando traumas, saudades, medos, inseguranças e quem está ao nosso redor nem percebe. Podemos até fingir que superamos tudo e estamos prontos para a "nova" realidade, mas isso é só fachada que usamos para blindar nossos medos reais.

A dor de uma perda irreparável, o fim de um relacionamento, afastamento da família ou de amigos próximos, percas financeiras, abandono afetivo, enfim, todas essas situações com o decorrer da vida, vai de uma maneira ou de outra, nos afetando.

Sentimos vontade de falar, gritar até, de pôr para fora, porém nos calamos, silenciamos. Não é todo mundo que está disposto ou preparado para nos ouvir e aconselhar.

Fica aquele nó na garganta, impossível de ser "desatado". Assim vamos vivendo e tentando sobreviver dia após dia. Superar é necessário, mas faltam forças.

Confesso não saber o melhor caminho... Mas sigo na luta, calada, mesmo tendo mil razões para gritar.

'Meu silêncio é o grito mais alto que alguém já deu'. - Tati Bernardi (08/09/2025)


QUÍMICA X CONEXÃO = AMOR?

Você já parou para pensar o que te faz amar seu parceiro ou parceira? Como tudo começou e se está valendo a pena?

Vivemos o verdadeiro caos onde amar, casar ou se relacionar, estão se transformando em um desafio. Homens e mulheres já não se reconhecem mais.

O jogo de interesses foi decretado e como se fosse um leilão, os lances estão sendo dados.

Características físicas colocadas em primeiro lugar: beleza, forma física, altura, "bumbum" avantajado, seios fartos, pernas torneadas ou peitoral largo, mãos grandes, costas largas; tudo muito afinado, mas é isso realmente o que conta? Dividir a conta no restaurante, abrir a porta do carro, acordar e receber mensagens no whatsapp... e a vida, como vai? Vai bem?

Você já chorou sozinho (a) e depois ouviu um "estou aqui e vai ficar tudo bem"? Isso é conexão. A química, ela é passageira, no primeiro momento até impressiona, mas depois de um tempo, por si só, não se sustenta.

A conexão é diálogo, compreensão, a busca do bem-estar do outro, carinho e "permanecer" quando tudo dá errado.

Volto a te perguntar: quando foi a última vez que você viu o pior lado do seu parceiro (a) e mesmo assim decidiu continuar?

Não se diminua para caber no mundo dele ou dela.

Porém, se apesar de tudo, o que vês e sabes, ainda está valendo a pena, então você encontrou o amor.

'Amor de verdade não é anestesia emocional, é construção.' – Marcelo Toledo (04/09/2025)


O QUE ME MOVE?

Refletindo sobre a vida, como sempre, hoje me veio certas recordações...

Não é fácil viver certas experiências no decorrer dos anos. Quando somos jovens, com perspectiva de futuro, mesmo que seja incerto, não vemos obstáculos que não possam ser superados. A escolha da profissão, relacionamento, casar ou não, faculdade, pós-graduação, ter ou não filhos, viajar, conhecer o mundo, tirar habilitação, partido político, religião e tantas coisas mais. Decisões a serem tomadas, sem pressa, pois o futuro está a quilômetros de distância. O corpo na melhor forma, autoestima então, nem se fala, o espelho refletindo o brilho nos olhos e uma vontade imensa de "ser" e "ter".

Me sentia dona de mim e, nos meus pensamentos, não havia nada de tão importante ou difícil que não fosse resolvido. Talvez por pertencer a geração chamada "milenial", outros valores, uma visão mais empática e um senso crítico mais avançado, enfim, creio que essa minha geração enxergava o mundo de outra forma. Pude ver o avanço cultural e tecnológico com o passar das décadas. A explosão da internet, mídias em geral, a luta por igualdade da mulher, o engajamento por diversas causas e inúmeras descobertas. Hoje vendo a vida por esse prisma, chegando na idade que cheguei, as conquistas e perdas que tive, tenho a sensação de dever cumprido. Minha existência ficou estagnada por alguns anos, por estar presa a dogmas religiosos e crenças limitantes. Pois quando se vive debaixo de um jugo escravizador, onde tudo é errado, onde somos insignificantes e insuficientes e vivemos no paradoxo da espera contínua por um "paraíso" vindouro, isso nos faz sentir um vazio imenso e uma frustração absurda. Não recebemos suporte dos tais "líderes religiosos", seja do credo e crença quaisquer, recebemos "ordens", preceitos, regras de fé e cobranças, sim, muitas cobranças. Somos considerados incapazes de decidir por nós mesmos. Há um ser superior ditando as regras de conduta e o que não é de acordo com esse "ser", passa a estar fora do contexto. Doutrinação e manipulação. Pensar fora da "bolha", não, nem pensar, jamais. Fomos induzidos a seguir a "manada" e qualquer discordância é sinônimo de rebeldia. 

Ora, que vida é essa, onde não posso me expressar, não tenho direito de escolher se posso usar um batom vermelho, uma calça jeans, dançar no final de semana, assistir o meu time de futebol do coração, conversar com amigos e amigas com a fé diferente da minha? Pois é, assim vivi por longos anos, acreditando estar fazendo o "certo", porque se não fosse dessa forma, estaria burlando leis eternas e seria "condenada" a um lugar chamado "hades". Pensava: "que lugar horrível". Hoje nada disso faz sentido. Houve um despertar, meu intelecto e minha visão foram abertos. Não sou mais "escrava" de tais conceitos.

O que me move? Eu digo sem sombra de dúvidas: o que me move é minha liberdade de escolha, aquilo que me satisfaz, o que me deixa feliz e plena. Não tudo aquilo que me era imposto e não poderia nem ao menos questionar. Sei que vou perder amizades, sei que posso até ser chamada de insana, mas é dessa forma que viverei de agora em diante. Conquistei meu espaço, peguei de volta minha essência e não estou à mercê daqueles que só pretendiam me manipular. A sensação de viver plenamente é maravilhosa e eu recomendo a todos, vejam a vida como ela é e não pelo que lhe impõem.

'A liberdade é o oxigênio da alma.' - Moshe Dayan (02/09/2025)


NÃO É TERAPIA, MAS É TERAPÊUTICO

Durante nossa jornada na terra, passamos por vários momentos e diversas situações. Situações tais que, por vezes, nos desestabilizam.

Raiva, medo, ansiedade e preocupações cotidianas, tudo isso de uma forma ou outra nos influencia. Ter controle emocional e autoconhecimento faz toda diferença. Sei que somos seres humanos em evolução, porém certas coisas vêm despertar nosso lado mais primitivo.

Quando alguém toca em uma ferida "interior", expõe nossas fraquezas ou atinge alguém que amamos, nosso lado mais obscuro tende a aparecer. É uma reação natural, o que não podemos aceitar é que algumas "explosões" aconteçam.

A maneira como lidamos com tais situações refletem nosso autodomínio e maturidade (não significa ter idade, mas as decisões advindas de nossa vivência). Precisamos ter jogo de cintura, equilíbrio e não deixar a emoção se sobrepor à razão.

Um adulto funcional, pensante e saudável consegue processar e filtrar tudo aquilo que lhe será útil e o que não for, descartar. Trabalhar, estudar, conviver em sociedade e no ambiente familiar nos proporciona exercer nossas habilidades no trato das emoções. Pessoas que estão constantemente exaustas e sobrecarregadas necessitam de uma válvula de escape. Lazer, prática de esportes, ouvir música, boa leitura e até mesmo, momentos silenciosos de meditação. Tais recursos recarregam nossa "bateria".

Desde a infância precisamos observar o comportamento. Crianças muito ativas ou demasiadamente apáticas, podem revelar se há algo de errado ou fora do normal. A adolescência também é um período bastante conturbado. Mudanças repentinas de humor, instabilidade e vulnerabilidade marcam de forma significativa essa fase. Já na vida adulta, vemos o reflexo de todas as experiências que passamos e nem sempre haverá uma maneira de sanar certos descontroles, justamente por estarem implícitos na personalidade. Fato é que devemos procurar ajuda, o quanto antes.

Não é terapia, mas é terapêutico: sorrir, conversar, dançar, respirar ar puro, interagir com outras pessoas, assumir sua verdadeira essência e, principalmente, não pensar ou agir de acordo com a "lente" do outro.

Viver é uma experiência incrível e intransferível. Só temos essa vida para viver. Que possamos viver da melhor forma possível. 

'Aprecie cada momento da sua jornada.' - Não há autor conhecido universalmente, pois é um conceito. (01/09/2025)  


RELACIONAMENTOS FALIDOS

Quem nunca pensou em ter alguém? Há exceções.

Porém, a maioria das pessoas quer alguém para se relacionar. O mundo caótico em que estamos vivendo, aos poucos, está distanciando os casais. E de quem é a culpa?

Vejo homens excelentes sendo menosprezados. Fazem tudo por suas parceiras e recebem desdém, são ignorados e nunca são suficientes. Vejo mulheres de valor, sobrecarregadas, com jornada dupla, tripla, tendo que dar conta de tudo. A verdade é que a modernidade, a tecnologia e as "bandeiras ideológicas", acabaram por influenciar no declínio das relações humanas. Não é normal apenas um dos parceiros tomar conta do lar, dos filhos, das contas e conviver com o peso de todas as responsabilidades. Se estamos dividindo a casa, a vida, enfim, as tarefas obviamente devem ser divididas. Há um cansaço latente, devido às cobranças e no momento íntimo do casal, é notório o sentimento do "será que vale a pena continuar"?

Não sou terapeuta de casais, mas sempre faço alguns aconselhamentos. Afinal, para quem já viveu essa experiência e sofreu as perdas e danos como consequência, tem muito a ensinar. Fato é que ninguém está disposto mais a ceder. A zona de conforto tornou-se um lugar seguro. Muitos já não querem mais estar num relacionamento. Por comodismo, conformismo ou ainda pior, por egoísmo. Frases como "eu sou assim", "não vou mudar", "o que faço já é suficiente", "se quiser, tem que ser do meu jeito"; que lástima. Deixamos de ser humanos, quando passamos a nutrir o ego e apreciamos mais a solidão e a solitude, do que partilhar a vida com alguém. Somos seres sociáveis e cada vez mais nos distanciamos um do outro. Ansiedade, competitividade, "machismo" e "feminismo"; as "red flags" do comportamento humano já estão direcionando o homem e a mulher para o abismo da separação conjugal. Não estou dizendo que é um crime viver solitário (a), só não é salutar. Mas não vejo quase ninguém se esforçando para fazer o contrário. Adultos infantilizados, cheios de manias. Pais e mães de pet e uma terrível sensação de abandono emocional.

Precisamos rever e tratar esses sintomas, pois as futuras gerações dependem disso.


'Viva sempre para aprender, aproveite o melhor do viver.' - Rogério Macena. (29/08/2025)


OS PERDEDORES

Somos capazes de arrumar desculpa para tudo. Mesmo quando esse "tudo" depende exclusivamente de nós.

Gosto de estar sempre atualizada e acompanho pessoas de valor nas redes sociais. O valor ao qual me refiro engloba: sucesso, empatia, responsabilidade social, preceitos morais e visibilidade no futuro.

O fracasso de muitos está associado à falta de empenho e não somente à oportunidade.

Quando me referi no início acerca das desculpas, falava sobre obstáculos que colocamos nas nossas vidas, limitando aonde realmente queremos chegar. Pois mergulhar fundo nas metas, encarar problemas de frente, buscar soluções, acordar cedo e ter disciplina são de fato, a ponta do iceberg a ser vencido para o patamar mais alto do pódio dos vencedores. É tarefa fácil colocar em prática tais desafios? Respondo sem sombra de dúvidas que não. Porém se não for feito o que precisa ser feito, não sairemos do lugar. Olhar o passado não nos levará adiante. Traçar e concluir metas, sim. Desafie-se. Saia do lugar comum. Por todo decorrer da história, observamos inúmeros exemplos de pessoas que se superaram. Foram desencorajadas, afrontadas e desmotivadas. Mesmo assim, persistiram e venceram. A vitória está do outro lado do medo.

Se chegamos até aqui, poderemos ir além. Perdedores dão desculpas ou colocam a culpa em tudo e em todos, menos neles mesmos e na sua mediocridade. Eu prefiro continuar na minha luta diária. Com foco no futuro e não importa quanto tempo ainda terei, importa é que em nenhuma página da minha vida está escrito: "ela desistiu".


'S
omos livres quando fazemos o que não queremos, pois quando fazemos o que queremos, somos escravos dos próprios desejos.' - Pensamentos filosóficos de Kant. (27/08/2025)


NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL

Há pessoas que creem firmemente que apenas elas podem fazer o que fazem ou ocupar o lugar que ocupam.

O ego elevadíssimo e a presunção desmedida contribuem para isso. Frases como: "se eu não fizer, ninguém faz", "isso depende exclusivamente de mim", "só eu sei, ninguém mais", "fulano não vive sem mim"; todas elas e inúmeras outras, apenas demonstram o que certas pessoas sentem, acham e se fiam.

A verdade é que nada disso se sustenta. A partir do momento em que tais pessoas não são mais, digamos "úteis", são descartadas. Mesmo no âmbito amoroso, em todo e qualquer relacionamento, se já não faz mais sentido, o fim chega. De nada adianta dizer que a outra pessoa não sobrevive. Sobrevive sim, às vezes até melhor que antes.

Somos seres limitados e por vezes nos sentimos "super-heróis ou super-heroínas".

Vamos parar com essa paranoia de que ninguém é insubstituível. Somos. Temos o dia de hoje para viver. Chegará o tempo em que deixaremos de existir. Nosso lugar será ocupado, quer seja no lar, na escola, no trabalho, enfim, na vida. E ela é única. Vamos vivê-la intensamente, cada momento, usando a empatia, a compaixão por nossos semelhantes e aproveitando tudo de bom que temos. A vida é linda, mas é preciso saber viver.

'Há batalhas que só ganhamos quando desistimos.' - Autor desconhecido


ANESTESIA

A vida é uma experiência única para cada um de nós. Para algumas pessoas, é um passeio no parque, para outras, um fardo gigantesco.

Situações adversas ocorrem a todo tempo. Lições, positivas ou negativas, moldam o caráter e a percepção. Contudo, quando chegamos ao limite, qual atitude tomamos?

A verdade é que cada um utiliza seus próprios métodos para enfrentar os dias difíceis. É o que eu chamo de "anestesia".

Sair de casa, conversar com alguém, sentar-se na mesa de um restaurante ou bar, dar uma volta a pé ou de carro ou simplesmente se isolar de tudo e de todos. Outros até preferem dançar, visitar parentes, ir ao campo ou à praia.

Ter uma válvula de escape se faz necessário. A rotina estressante, os problemas não resolvidos, o estado de humor ou de saúde quase sempre nos afetam. As cobranças por uma melhor performance no trabalho, as exigências do cônjuge, as necessidades dos filhos... e quanto a nós (eu) e (você)?

Temos por acaso reservado um espaço para nós mesmos?

Sobreviver ao caos no modo silencioso por muitas vezes rouba nossa energia. Um grito abafado, preso na garganta. A ausência de um "colo", sim, por que não? Adultos também precisam de um colo, um abraço, uma palavra ou um escape.

Suportar as agruras com um sorriso no rosto, fingindo que está tudo bem e no fundo não está. Demonstrar alegria para mascarar a angústia no peito só para não ter que dar explicações a outrem. Viver no automático, abdicando dos sonhos.

No que estamos nos transformando?

Em meros expectadores do "final de semana", do "dia seguinte", do "próximo ano" e só isso basta? Terceirizando nossa vida em nome de uma imagem enganosa, feita de fantasias para "inglês ver".

Na verdade, estamos praticamente todos nesse mesmo barco. A "anestesia" passa, a realidade vem e somos obrigados a encarar.

Fugir não é alternativa. Portanto, o que precisamos ainda mais é exercer a empatia, minimizar ou zerar os julgamentos e jamais esquecer que o nosso telhado também é de "vidro".


'Sempre feche a janela que te machuca, não importa quão bonita seja a vista.' - Eduardo Bitencourt Miraflores


O ELO PERDIDO

Estou sempre a pensar nas coisas da vida... Filhos, por exemplo... Desde que me entendo por gente, quis ter uma família numerosa, pois eu fui filha única.

Tive três, por livre escolha, só não escolhi bem o genitor, mas essa é outra história.

Minha mãe, mulher, sábia que era, me dizia: "filhos são egoísmo dos pais". Essa frase era emblemática no meu entendimento.

Não sabia ao certo o que ela queria dizer. Fiz todo possível para dar amor, a melhor educação, ensinei princípios e esperava que meus três projetos fossem se superar.

É... Não foi nada fácil. Criamos expectativas que na maioria das vezes são frustradas.

Hoje, entendo que por melhor que façamos nunca será o suficiente. Tenho tranquilidade ao dizer que "fiz minha parte", ainda faço quando posso. Eles cresceram, possuem suas próprias convicções, nem sempre compatíveis com a realidade, enfim, não posso mais interferir. Criaram "asas", alçaram voo. Também têm filhos: "meus netos e netas" que amo muito. Porém, o elo perdido jamais voltará a se unir à corrente. Amadurecer dói, há muitas implicações e renúncias. Eu abdiquei de sonhos. Agora não mais. Vivo como posso, faço quando posso e quero, ou melhor, preciso empregar meu tempo e energia nos poucos anos que ainda me restam. Ah não quero dizer que vou virar as costas para meus frutos, contudo vou me priorizar. O elo do amor permanecerá para sempre, mesmo com tantos desencontros.

Julgamentos virão, estou preparada. Só não fazem mais efeito. Sou eu por mim e assim será de agora em diante.

'Filhos, filhos? / Melhor não tê-los! / Mas se os temos / Como sabê-los?', do Poema Enjoadinho, de Vinícius de Moraes.


HIPOCRISIA OU SUBLIMAÇÃO

Creio eu já ter lugar de fala ao analisar certos indivíduos, não, não sou arrogante, digo mesmo pela experiência de vida.

Por muito tempo suportei certos comportamentos rudes, por sinal, hoje não mais.

Alguns mostram apenas o que lhes convém, na frente de outras pessoas são verdadeiros "anjos". Pura hipocrisia. Fui procurar a definição do termo: fingimento, ou ato de fingir possuir certas qualidades, sentimentos e crenças que na verdade não se tem.

Bajulam enquanto podem para sustentar o papel e por precisarem de certos "favores" de outrem. Quando não precisam mais, mostram seu lado real.

Também fui procurar outro preceito, a sublimação: que é um mecanismo de defesa que redireciona impulsos e desejos socialmente inaceitáveis; forma de lidar com conflitos.

Gosto de dar nome aos "bois". Em razão disso, me atentei ao que interessa.

Muitos ocupam certos lugares e temem perder seu "status", isso não significa ser bom ou altruísta, é apenas fachada.

Outros, no entanto, estão exaustivamente buscando não serem ruins, redirecionar a maldade contida em seu ser. Essa é a grande diferença.

Ser hipócrita é muito diferente de se sublimar.

A luta na formação do caráter é diária, a construção da personalidade exige certos valores inegociáveis, mas nem todos estão dispostos a melhorar. Por tais fatos, não entrou em conformidade com a "aparência".

De nada vale frequentar igreja e se autointitular cristão.

Se você for "podre", maldoso, não quer ver o bem do seu próximo e apenas "usa" quem quer, isso é a forma mais ilusória de ser hipócrita.

Reveja seus conceitos, mude, não é vergonhoso.

Vergonha é sustentar uma personalidade falsa.

Sublimação é a superação.

Hipocrisia é o submundo dos sentimentos.

'Hipocrisia é o transtorno de caráter humano em exigir dos outros o que propriamente não pratica.' 

- Eduardo Varandas Araruna


QUANDO ALGUÉM TE MOSTRAR QUEM É, ACREDITE!

No universo dos relacionamentos, sempre existe aquilo que imaginamos e aquilo que acontece de fato.

O casamento, por exemplo, é uma sociedade onde dividimos praticamente tudo.

Conviver diariamente com uma pessoa é uma tarefa nada fácil. Afinal, são dois mundos divergentes que se unem num único propósito: amar, ser amado e ser feliz.

Construir uma vida "juntos", cada um com sua respectiva responsabilidade e quando um dos lados falha, vem as cobranças, discussões e a tão famosa "DR".

Mas será que conhecemos de fato o parceiro ou a parceira que escolhemos para partilhar a vida?

No começo tudo são flores. Declarações e juras de amor, "tudo o que é meu, é seu", "estarei eternamente ao seu lado" e outras inúmeras frases utilizadas pelos apaixonados.

Postagens nas redes sociais, fotos de comerciais de margarina, em público, aparências, no particular, xingamentos, desentendimentos, arrogância e o que é pior, a culpa é sempre atribuída ao outro, 'nunca é minha'.

A realidade não condiz com a "ficção" mostrada aos demais.

Quando o assunto é dinheiro e divisão de bens, ah, o amor acaba e então o pior lado aparece. A mesquinhez, a falta de senso e o "amor" vão embora. Mas com certeza, esse parceiro ou parceira, já dava sinais, nós é que nos tornamos "cegos" por livre escolha.

Por isso, quando alguém te mostrar quem é, acredite.

Passe a enxergar o que sempre esteve diante dos seus olhos.

'Uma vez que você desperta, nunca mais consegue ser o mesmo.' - Marcelo Toledo


A CASA AO LADO

Como o ser humano é inconstante e mutável!

A tendência é sempre a mesma: comparação e autoafirmação.

Já vivi tempo suficiente para deletar certas coisas. Contudo, meu feeling para entender e decifrar o mundo que me cerca, é sempre exacerbado.

Vejo muitas pessoas bem-sucedidas na vida, com propriedades, carros, cargos de confiança, altos salários, mas quase nunca estão satisfeitas. Querem sempre mais. Não se trata apenas de pessoas abastadas, mas também com as de classe social menos favorecida, isso também ocorre.

A "grama" do vizinho é sempre mais verde.

Fico imaginando se isso é inveja, loucura ou falta de lucidez para entender e aceitar que nunca estaremos satisfeitos. Isso é normal ou deveria ser.

O que não é normal é a forma desmedida como ocorre.

Tais situações tornam pessoas outrora centradas, em meros fantoches dos próprios desejos. " Eu quero, eu posso, eu preciso..." Será mesmo?

Não estou dizendo que querer melhorar, ter estabilidade e conforto é errado. Muito pelo contrário, é salutar.

O que me refiro é a suprema comparação e a sensação de inferioridade ao ver alguém se sobressair, ganhando mais e conquistando os objetivos.

A casa ao lado vive sua realidade. Nosso vizinho, colega de trabalho, parente ou amigo, cada um por si só, está vivendo suas lutas e apenas isso.

O que é nosso vem com o tempo, esforço e dedicação.

A melhor sensação que devemos ter é a paz que nos cerca, a saúde e a plena certeza de que dias melhores virão.

"Existem mais coisas susceptíveis de nos assustar do que existem de nos derrotar; sofremos mais na imaginação do que na realidade." - Sêneca


DEBAIXO DO TAPETE

Dentre vários pensamentos peculiares, essa semana tive um insight sob a perspectiva de apenas constatar algumas circunstâncias.

Para algumas pessoas, somos rasos, superficiais e previsíveis. Entretanto, para outras, somos complexos, misteriosos e instigantes.

Porém, o que somos na realidade? O que passa em nossa mente quando ninguém nos observa?

Há certos comportamentos humanos que não condizem com a realidade vivida no cotidiano. Algo que não fica na superfície, mas que é jogado para "debaixo do tapete".

Escondemos das demais pessoas nossa real personalidade, principalmente sentimentos tortuosos, tais como raiva, medo, dor e insegurança.

Uma frase que eu sempre dizia para minha mãe sobre mim era: "não posso demonstrar fraqueza diante dos meus filhos". Isso era ponto de honra para mim, pois eu acreditava (naquela época), que se meus filhos me vissem chorar ou com outro sentimento que me tornasse fraca, não iriam me respeitar, muito menos, me ter como referência.

Hoje, vejo que foi um erro. Pois sou humana, falha e sensível.

Muitas coisas me abalam, mas muitas dessas mesmas coisas me fortalecem e me tornam um ser humano melhor.

Não tenho mais a necessidade de me esconder e nem jogar mais nada, para "debaixo do tapete". Sou sólida, constante e poucas coisas me tiram do eixo.

Demonstrar fraqueza também é um sinal de força.

Assim é e assim tem que ser.

"O que não depende de nós, não nos perturba." - Epicteto


EM FRENTE AO ESPELHO

Por vezes me pego pensando e observo como o tempo passa.

Ainda "ontem" quinze anos, rosto macio, lábios carnudos... Me lembro da pinta que havia no lábio inferior.

Espinhas. Longos cabelos cacheados. Cabeça cheia de sonhos: pular de paraquedas, conhecer a Itália, terra dos meus avós, cursar medicina... Ah, era tudo tão perfeito!

Não via a hora de fazer dezoito, ser independente, viajar sozinha, ter a tão sonhada habilitação (esta tirei somente aos trinta).

Maquiagem? Não, nenhuma, apenas o brilho nos olhos, o sorriso fácil e a doce certeza que seria feliz.

Mudanças no corpo, descobertas, anseios e medos.

Lutas, estações e estados de ânimo estranhos. Ora chorava, ora crises de riso com as amigas.

Projetos e um olhar ao campo vasto das possibilidades.

Via o tempo passar devagar, como a brisa fresca no fim de tarde.

Música lenta e romântica, os primeiros raios de sol na janela, numa manhã de primavera, ah, como era bela a "juventude". Me sentia princesa, às vezes, vilã, mas não perdia o encanto de recomeçar todos os dias. E hoje, em frente ao espelho, vejo os sinais de tudo o que a vida me trouxe. As marcas, as rugas, a experiência e ainda vejo aquela menina que um dia soube o que era "sonhar".

"Eu acho que será para sempre, mas sempre não é todo dia."  -  Osvaldo Montenegro


A ARTE DA MANIPULAÇÃO

Será mesmo fácil dominar o ser humano?

Por milênios, o homem tenta controlar seu semelhante, quer seja pela ideia, quer seja através do medo, da religião ou política. Pessoas "despertas" dificultam essa tarefa. Afinal, pensar liberta. Liberta das amarras invisíveis, dos laços do controle e das falácias de pseudo libertadores, com suas artimanhas engendradas para dominar, redarguir e "silenciar" aqueles que tentam mostrar a realidade.

Muitos não conseguem tirar a venda dos olhos e passam a pautar seu mundo pelas lentes de verdadeiros lobos vorazes que querem poder, fama, reconhecimento e principalmente, o vil metal, de forma desmedida e aviltante. Não percebem que passam "fome" de conhecimento e esclarecimento e "sede" de libertação e autossustentabilidade.

Me pergunto para quê? Por quê?

Ver o mundo com a noção nua e crua, sem a necessidade de obedecer a dogmas, vertentes e mensagens insalubres. Foi pela obediência cega que dominadores iniciaram guerras, regime nazista, fascista e afins. Um conselho que eu gostaria de ter recebido há muito tempo: passe a enxergar o mundo pelos seus olhos e esqueça a "manipulação". (13/08/2025)

"Afinal, se todas as ovelhas são como lobos, os verdadeiros lobos, se infiltram no rebanho." - Felca


O TERCEIRO LADO DA MOEDA

Foi em uma conversa informal, que acabei tomando consciência de algo, por mim, ainda impensado.

Pois tudo parecia tão claro e meticulosamente acertado, que não me atentei para um detalhe que mudaria minha percepção de vida para sempre. Por anos tive a nítida convicção da divisão das coisas através de um único parâmetro.

Na minha mente inquieta e curiosa, tudo passava por uma divisão com uma precisão milimétrica, tal como uma ciência exata, onde dois e dois são sempre quatro. Um mundo repartido entre bem e mal, certo e errado, esquerda e direita; nada além disso e nessa conversa, um start.

Citei sobre os dois lados da moeda e a resposta que obtive: os três lados da moeda. No mesmo instante, tudo aquilo que eu acreditava estar no lugar certo, não estava. Tudo mudou. Minha visão de mundo, minha responsabilidade pessoal e social e um senso de justiça (aliás, sempre tive) aumentou drasticamente.

O terceiro lado da moeda me fez enxergar além do óbvio, além das aparências, me fez enxergar a essência. (11/08/2025)

"Todas as vezes que você se anula para servir ao outro, você está gerando utilidade, não valor." – publicado originalmente no Instagram de Alexandre Costa, em 2021.


PROVOCAÇÕES

O que dizer sobre quem tem "dois pássaros na mão" e persegue aquele que está "voando"?

Algumas pessoas só irão valorizar depois que perderem e querem recuperar o tempo perdido fazendo apelações, jogos e tendo um comportamento totalmente infantilizado.

Às vezes, tenho certas crises de riso ao ver como lidam com algo tão simples, mas que empregam tempo e energia em subterfúgios, ao invés de investirem em algo produtivo.

Lamentável... Provocações ou atos de desespero por não entenderem que o mundo não gira de acordo com nossa vontade, mas devemos nos adaptar e aprender a nos posicionar, não para agradar a terceiros, mas para conquistar um lugar ao sol que nos preencha de maneira efetiva.

O mundo não vai parar para que eu me adapte, muito pelo contrário. (12/08/2025)

"Ninguém deve ter que carregar o insuportável peso de um colchão pesado nas costas pela vida inteira." - Emma Sulkowicz


ZONA DE CONFORTO X ZONA DE CONFRONTO

Eu cá, pensando... Mundo louco em que vivemos. Então, diante das mais variadas adversidades, eis que surge o enigma: zona de conforto ou zona de confronto?

Pois nos acostumamos tanto naquele "local seguro", que nem sequer cogitamos na anuência da mudança.

Situações cômodas, já inseridas no contexto diário, não nos movem para dar prosseguimento no progresso pessoal e na sociedade como um todo.

Concordar com tudo e aceitar que as coisas são como são, é um caminho perigoso; a validação intimida o salto do raso para um patamar mais dinâmico e nem todos estão preparados para tal.

Prefiro a zona de confronto, já me calei demais e hoje, com a minha visão de mundo totalmente pautada no "real", expresso minhas vontades e verdades, sem medo. (10/08/2026)

"Nenhuma sociedade que sufoca os fortes e protege os fracos da realidade, prospera." - Marcelo Toledo) 


EU CONSIGO ME ENXERGAR

De posse de minhas totais faculdades mentais, me proponho a ser quem sou e não aceitar rótulos. A condição feminina, não é e nunca foi fácil. O problema é que com o passar do tempo, foi ganhando notoriedade.

Um grito, antes abafado, hoje ecoa... Sorrir, chorar, tpm, desejos reprimidos, ausências, crises existenciais e aquela vontade de "ser" tudo aquilo que me foi negado.

A sociedade machista, fria, calculista, tenta cercear "nossa" evolução. Não quero tecer aqui um mero discurso feminista, não, eu não simpatizo com isso.

Luta por direitos iguais?? Por quê?? Cada um sabe de si e sabe onde o "calo" aperta. Eu consigo me enxergar e sei onde dói em mim.

Rasgar o verbo, discutir, calar às vezes, ser contida por um abraço caloroso ou um beijo de tirar o fôlego. A alma feminina é diferente, divergente, convergente, reagente.

Quero paz, respirar, pisar no chão com os pés descalços. Sentir a brisa suave, no fim de tarde, assistir ao pôr do sol, sem preocupação, sem pressa.

Ter direito a escolha, seja ela de qual natureza for. Ouvir música antiga com fones de ouvido, desafinar, transpirar, respirar... Às vezes sufoco.

É... Me disseram: "A vida é assim." Será mesmo? Minha ótica factual nem sempre concorda ou discorda, sei lá.

Eu consigo me enxergar.

Vejo as rugas latentes, o branquear dos cabelos, as celulites, afinal, sou mulher, mãe, avó (às vezes me negam esse direito). Mas eu sobrevivo. Caio e levanto-me quantas vezes forem necessárias. Ser forte para mim não é opção, é obrigação.

Nem sempre estou com a razão, mas quero ser compreendida, surpreendida, amada, respeitada. Será que é pedir muito?

Já vivi bastante, não o suficiente. Tenho sonhos para realizar. A luta diária de quem não pode parar.

Não, não é poema, é desabafo de uma alma que grita, chora, acolhe e entende que toda ação gera uma reação. Eu consigo me enxergar. (04/08/2025)

"Eu não uso maquiagem para os outros, da mesma maneira que não decoro minha casa para os outros. Aqui é o meu lar e tudo o que faço é para mim." (Tweet 28/09/2016)