CILENE PICCOLO

CILENE PICCOLO

SOBRE  VIVÊNCIA

Prezado Leitor, você terá contato semanalmente com temas sobre 'a vida, razão e sentimentos', com a autora Cilene Cristina S. Piccolo.

Cilene Picccolo é natural de Araçatuba (carioca de coração); professora do Ensino Fundamental, com especialização em pré-escola; secretária, mãe, avó; escritora por amor à Literatura.  Considera-se um ser em construção, aberta a novos conhecimentos, trocas e interações. Ama livros, boa música, amizades e liberdade. Apaixonada... pela vida!

-- Acompanhe de perto...


EU CONSIGO ME ENXERGAR

De posse de minhas totais faculdades mentais, me proponho a ser quem sou e não aceitar rótulos. A condição feminina, não é e nunca foi fácil. O problema é que com o passar do tempo, foi ganhando notoriedade.

Um grito, antes abafado, hoje ecoa... Sorrir, chorar, tpm, desejos reprimidos, ausências, crises existenciais e aquela vontade de "ser" tudo aquilo que me foi negado.

A sociedade machista, fria, calculista, tenta cercear "nossa" evolução. Não quero tecer aqui um mero discurso feminista, não, eu não simpatizo com isso.

Luta por direitos iguais?? Por quê?? Cada um sabe de si e sabe onde o "calo" aperta. Eu consigo me enxergar e sei onde dói em mim.

Rasgar o verbo, discutir, calar às vezes, ser contida por um abraço caloroso ou um beijo de tirar o fôlego. A alma feminina é diferente, divergente, convergente, reagente.

Quero paz, respirar, pisar no chão com os pés descalços. Sentir a brisa suave, no fim de tarde, assistir ao pôr do sol, sem preocupação, sem pressa.

Ter direito a escolha, seja ela de qual natureza for. Ouvir música antiga com fones de ouvido, desafinar, transpirar, respirar... Às vezes sufoco.

É... Me disseram: "A vida é assim." Será mesmo? Minha ótica factual nem sempre concorda ou discorda, sei lá.

Eu consigo me enxergar.

Vejo as rugas latentes, o branquear dos cabelos, as celulites, afinal, sou mulher, mãe, avó (às vezes me negam esse direito). Mas eu sobrevivo. Caio e levanto-me quantas vezes forem necessárias. Ser forte para mim não é opção, é obrigação.

Nem sempre estou com a razão, mas quero ser compreendida, surpreendida, amada, respeitada. Será que é pedir muito?

Já vivi bastante, não o suficiente. Tenho sonhos para realizar. A luta diária de quem não pode parar.

Não, não é poema, é desabafo de uma alma que grita, chora, acolhe e entende que toda ação gera uma reação. Eu consigo me enxergar. (04/08/2025)

"Eu não uso maquiagem para os outros, da mesma maneira que não decoro minha casa para os outros. Aqui é o meu lar e tudo o que faço é para mim." (Tweet 28/09/2016)