O ESTRANHO

O ESTRANHO


A história de 'O Estranho' está dividida em 15 capítulos, publicada no Folhetim 'Portal', inciando-se no dia 30/03/2025 e terminando no dia 06/07/2025 - um personagem que viveu uma 'evolução espiritual'.

CAPÍTULO 15 (06/07/2025)

O Estranho...

CAPÍTULO 14 (29/06/2025)

Percebi que olhavam o céu pairando sobre o meu bloco o olhar (ou não, ou imaginação minha). Mesmo intrigado (estava de costas para o meu apartamento), continuei o caminhar. A alguns disse-lhes bom dia - conhecia alguns, de vista, de passagem, raros os nomes.

Quando cheguei na porta do restaurante voltei o olhar – também de curioso – para o mesmo lugar provavelmente que olhavam. Voltei o olhar, mesmo que de longe, para os que pra lá olhavam – estavam assustados, olhar profundo. Firmei mais ainda o meu olhar sobre o meu bloco / apartamento (que nesta altura da vida já não é lá grande coisa), e nada me incomodou.

Peguei o mesmo prato de sempre – e quando comecei o degustá-lo parecia sem sabor. (Neste momento percebi que o nível de dimensão era outro – ou, será que nunca estivera ali?)

No caixa a atendente de sempre - dona Flor, que indagou-me:

- O senhor sabe o que aconteceu?

- Não... – e pretendendo não estender a conversa, paguei em silêncio e fui saindo.

- Com o não? Todo mundo sabe... Só o senhor que não...

- Ah! – e fiz cara de desdém...

- Nossa! De que planeta o senhor é?

- De Marte, dona Flor, de Marte! – e mexi as orelhas.

- Então foi o senhor? – disse arregalando os olhos.

- Sim, foi eu – e fui me retirando do estabelecimento.

A todo pulmão dona Flor gritou:

- Gente, temos aqui um alienígena encarnado!

- Quê? Onde? – gritaram alguns.

Olhei para dentro do estabelecimento (pois já me encontrava na calçada) e senti os olhares fulminantes sobre a minha pessoa. Não me contendo, indaguei:

- Quem? Eu?

- Oras, quem mais poderia ser?

Olhei a todos por alguns instantes e, não entendendo nada, procurei refazer o meu sentido de percepção naquele momento.

O burburinho deve ter continuado lá dentro, pois eu bem sabia quem era dona Flor.

Fui vagarosamente me afastando do local e tentando descobrir sobre o que falavam a partir das observações que comecei a fazer, inclusive sobre o bloco onde estava o meu apartamento.

Antes de chegar no meu apartamento, na esquina, havia um menino sentado na guia; ao lado deste um sentado na garupa de uma bicicleta. O menino 'levado', que estava sentado na guia, indagou-me:

- Então foi o senhor?

- Deve ter sido – disse para não aumentar a conversa, e continuei até o meu apartamento. No portão ouvi:

- Dona Flor estava certa...

Parei por uns instantes, pensei: 'Como dona Flor é linguaruda!'

Mas... 'Então foi o senhor?' – não saia da minha mente, Passei o restante da tarde trabalhando sobre os meus textos. O relógio badalou dezessete horas – levantei-me e fui, creio eu como de costume (porque foi tão natural), ouvir o jornal do fim de tarde na televisão, edição local.

Assustei.

Trazia, o noticiário, a imagem frontal do condomínio onde eu residia. Comecei a ver que o assunto abordava vários aspectos da minha vida e...

O Estranho (Edição nº 14, Tabloide "O PORTAL", PDF, de 29/06/2025) 


CAPÍTULO 13 (22/06/2025)

Com a cabeça entre as mãos murmurei três vezes: Como a vida é enigmática! – e continuei ali por mais alguns instantes.

Não resolveria em nada esperar o tempo passar. Levantei-me do sofá e comecei novamente a andar pelo apartamento. Voltei à janela para ver o antigo apartamento – não estava mais lá.

Fiquei pensativo por alguns momentos – não sei exatamente determinar quanto, mas fiquei...

Voltei para o primeiro quarto, olhei tudo lentamente. Num dos cantos próximo da janela tinha um espelho. Olhei-me no espelho – parecia eu mesmo, ainda.

Tomei um banho e, meio atordoado ainda, deitei-me. Creio que adormeci por um longo tempo...

Não sei quanto tempo exatamente depois acordei. Estava bem lúcido e comecei a trabalhar freneticamente em textos que estavam esquecidos há anos numa das pastas do notebook.

O barulho não foi tão forte, mas chamou a atenção – tanto que me despertei dos escritos que estava trabalhando. Breve silêncio para, posteriormente, o barulho acontecer novamente – e aquietar-se junto ao breu que se formou. (A energia não se tinha mais – salvei o que pude!)

Não resisti, levantei-me e fui espiar por uma das janelas – a de minha preferência, a da cozinha. Tudo – lá fora, era escuridão, não se via nada. Minutos depois começou a clarear. Respirei fundo.

Olhei tudo em volta – da minha janela, e tudo parecia normal. Abri lentamente a porta e, de repente, um gato preto passou rapidamente entre as minhas pernas e escondeu-se debaixo da mesa. (Não o conhecia... só, depois, notei que ele era meu agora.)

Olhei tudo lentamente novamente – escadaria abaixo: tudo normal. Voltei para a janela da cozinha – tudo normal. Liguei a televisão (agora tinha televisão!) – e a notícia estava em todos os canais...

Retomei os meus escritos no notebook. Não consegui me concentrar. Levantei-me e fui direto para a cozinha novamente – preparar um café! Talvez era o que faltava para a minha concentração.

Sossegadamente tomei o café (e acrescentei umas torradas). Busquei pela notícia que havia escutado na televisão no notebook – e os detalhes estavam lá: muitas pessoas olhavam para cima, outras apontavam algo no alto... Li a mesma notícia em vários sites.

Resolvi dar uma pausa e descer as escadarias até o térreo – e lá no estacionamento algumas pessoas comentavam o fato. Fiquei de longe (não muito longe, pois compreendia perfeitamente o que falavam).

Voltei ao apartamento – subindo lentamente degrau a degrau. De repente, veio-me à mente a questão do trabalho: não tinha ido trabalhar. Rapidamente olhei para o calendário na parede (era período de férias).

O tempo... E continuei a trabalhar nos textos...

A fome bateu. Tomei um banho e dirigi-me para o restaurante que ficava a três quadras do apartamento. (Conhecia o restaurante?)

A caminho percebi que as pessoas ainda olhavam atentamente para o alto, e diziam algumas coisas – mas quando eu me aproximei: pararam. Fiquei intrigado – e até questionando-me sobre o motivo de terem se calado, e logo percebi que...

O Estranho (Edição nº 13, Tabloide "O PORTAL", PDF, de 22/06/2025)


CAPÍTULO 12 (15/06/2025)

O Estranho...

CAPÍTULO 11 (08/06/2025)

O Estranho...

CAPÍTULO 10 (01/06/2025)

O Estranho...