CONTOS DE LIAH

CONTOS DE LIAH


Os 'Contos de Liah' são histórias que - para entendê-las de forma perfeita, faz-se necessário ler desde a primeira (no entanto, é possível compreender cada conto / cada episódio). A nostalgia da personagem molda o coração do leitor... e a cada leitura é um passo a mais que se quer ter...

O PIANO (Episódio 08)

Esse som era doce melodia conhecida.

Porém, sua vontade de... 

LIAH R. (Edição nº 15, Tabloide "O PORTAL", PDF, de 06/07/2025)


O OBJETO (Episódio 07) 

Pode um relicário ser grande o suficiente para guardar tamanha lembrança?

Esse objeto permaneceu lá (parte de uma história inconclusiva).

Objeto tal, que causa ao mesmo tempo, dor, nostalgia e causa (ainda causa) uma saudade imensa.

Dentro do relicário branco, cravejado de minúsculas pérolas, como se fosse "a arca do tesouro", uma pequena caixa de veludo, de cor rubra, tão macia e delicada.

Sobre a tampa da pequena caixa, uma escuderia impressa em fio de ouro. Por dentro, forrada por um tecido branco refinado e no seu interior, uma tríade de objetos.

Liah respira fundo nesse momento. Um longa-metragem passa pela sua mente. Os olhos já marejados e uma ínfima lágrima cai lentamente. Talvez essa seja a lembrança mais dolorosa que seu coração guardou.

Princípio de outono, lá fora a lua cheia parecia contemplar aquela menina-mulher com seu objeto nas mãos. A casa parecia mais vazia do que nunca. Um vento fresco soprava. Cheiro de almíscar no ar.

Diante de si: a caixa, as lembranças, as lágrimas... Tantas indagações. Tantos questionamentos. Todos sem respostas.

Retirou cuidadosamente os três símbolos, sim, símbolos de um passado marcado por uma dúvida persistente. Enxugou as lágrimas com um lenço também retirado do relicário. Lenço este de seda ibérica, na cor rosa.

Ainda encontrou cartas diversas, com a mesma letra forte e bem desenhada do cartão que recebeu com a cesta de flores de jasmim. Pensou, se de fato, deveria reler tais cartas.

A dor dilacerante que entrecortava as paredes do seu coração, quase não permitiu dar prosseguimento à leitura.

De posse de todos os objetos: caixa, lenço e cartas, se deitou aninhada e solitária. O sofrimento desse instante, quase se transformou em dor física.

Os soluços foram cessando, um cansaço latente surgiu e Liah, diante das memórias e dos objetos, adormeceu quase raiando o dia.

De repente, um som veio a despertar, porém...

LIAH R. (Edição nº 14, Tabloide "O PORTAL", PDF, de 29/06/2025)


UMA NOITE MEMORÁVEL (Episódio 06)

No entanto, ao chegar até a porta principal, notou que havia novamente uma cesta de flores de jasmim. E entre as flores, também havia um cartão.

O perfume inebriante das flores em meio àquela noite tranquila, dava um toque de saudade e nostalgia.

Pegou a cesta, colocou seus pertences sobre a mesa e se sentou para ler o conteúdo.

Uma letra forte e bem desenhada.

Traços masculinos (assim pensou).

Antes de ler, sua mente divagou em memórias, olhou fixamente o papel.

Imaginava ter ali através das palavras, o elucidar do mistério.

Iniciou a leitura:

"Minha doce e preciosa Liah, espero encontrá-la bem.

Desculpe o tempo da espera, mas foi necessário.

Muito em breve nos encontraremos.

Com amor..."

Não, não pode ser possível...

Essa letra ela conhecia.

Será mesmo?

Depois de tantos anos...

Seu coração saltou no peito.

Uma mistura de dor, felicidade, contentamento e agonia.

As memórias cada vez mais vivas, indicavam que o autor das palavras era familiar.

O tempo passou, mas jamais se esqueceu...

Aliás, quem conseguiria esquecer de algo tão avassalador e marcante?

Nem o tempo, nem a distância puderam aplacar tão sublime sentimento.

Subiu as escadas rumo ao seu quarto.

Em frente ao seu toucador, na segunda gaveta, lá estava um delicado relicário branco, cravejado de minúsculas pérolas em sua tampa.

Tirou uma chave dourada que se encontrava dentro do porta-joias e cuidadosamente abriu.

Foi como se um filme passasse na sua mente.

Seu coração, numa cadência descompassada, frente a tudo o que via nesse relicário.

Há tempos não verificava o que o mesmo continha.

Talvez por medo de não suportar ou quem sabe, uma vã tentativa de apagar as lembranças.

Então, finalmente chegou até o objeto que procurava e encontrou bem mais do que ele...

LIAH R. (Edição nº 13, Tabloide "O PORTAL", PDF, de 22/06/2025)