
FERNANDA COLLI
FERNANDA COLLI

DE DENTRO PRA FORA
Prezado Leitor, você terá contato semanalmente com temas sobre 'a vida, razão e sentimentos', com a autora Fernanda Colli.
Fernanda Colli é Arte Educadora, professora, pesquisadora, escritora e mãe. Membro da Academia Araçatubense de Letras, é atualmente presidente da comissão Infantopedagógica da IOV Brasil. Com um olhar sensível para os sentimentos e o comportamento humano, estreia sua coluna no jornal / site, onde escreve sobre sentimentos, cura, comportamento e os caminhos sutis que conduzem ao florescimento interior.
-- Acompanhe de perto...
O PODER DE UMA PARCECRIA
Parceria é mais do que unir forças — é unir propósitos. Quando duas ou mais pessoas, instituições ou comunidades se conectam com objetivos em comum, nasce algo que vai além da simples colaboração: nasce o fortalecimento mútuo, a confiança compartilhada e a possibilidade de transformar realidades.
Vivemos em tempos em que a competição é exaltada, mas é na parceria que mora o verdadeiro poder. Parceria não é sobre quem brilha mais, mas sobre como a luz de um pode acender a do outro. É sobre reconhecer que juntos vamos mais longe. Seja na educação, na cultura, na política ou em projetos sociais, as grandes mudanças não acontecem sozinhas — elas florescem quando há união.
O campo da cultura popular é um exemplo claro disso. Projetos que envolvem comunidades, mestres da tradição, educadores e poder público só se sustentam e se expandem quando há parceria. Sozinho, um artista pode emocionar; mas em parceria, ele pode movimentar uma cidade inteira. Sozinha, uma educadora pode plantar sementes; mas em parceria, ela colhe florestas de transformação.
E o mais bonito da verdadeira parceria é que ela não impõe, ela acolhe. Não sobrecarrega, soma. Não silencia, escuta. É uma troca em que todos ganham: ganha quem oferece, ganha quem recebe, ganha o coletivo.
Por isso, quando você encontrar alguém que caminha na mesma direção que você, valorize. Quando uma instituição abrir portas para o seu projeto, reconheça. Quando uma comunidade se unir em prol de um bem comum, celebre. Porque o poder de uma parceria não está apenas no que ela constrói no presente, mas no legado que ela deixa para o futuro.
Mais do que um contrato, uma parceria é um pacto de confiança, respeito e esperança. E é exatamente disso que o mundo mais precisa. (06/08/2025)
SEMPRE HAVERÁ ALGUÉM QUE ACREDITA E TE SEGUE
SEJA REFERÊNCIA POSITIVA
A vida é feita de encontros, olhares e exemplos. Muitas vezes, sem sequer perceber, estamos deixando marcas profundas na vida de quem nos observa. Pode ser um filho que acompanha cada gesto do pai ou da mãe, um aluno que enxerga no professor não apenas conhecimento, mas inspiração, um amigo que busca força no sorriso de outro, ou até alguém desconhecido que se inspira em uma atitude gentil.
Por isso, é preciso ter consciência: sempre haverá alguém que acredita em você e te segue, mesmo de longe.
Ser referência positiva não significa ser perfeito. Pelo contrário, é ser humano, assumir erros, aprender com eles e mostrar que é possível caminhar com ética, respeito e amor ao próximo. A coerência entre o que se fala e o que se faz é o que constrói credibilidade. É isso que nos transforma em exemplo – não apenas de sucesso, mas de caráter.
Num mundo em que as influências são rápidas e, muitas vezes, superficiais, ser uma inspiração verdadeira é um ato de resistência. É lembrar que nossas escolhas têm o poder de tocar vidas, de abrir caminhos, de fortalecer sonhos. E é também um ato de responsabilidade: quando alguém acredita em nós, passamos a carregar junto a esperança dessa pessoa.
Por isso, que possamos cultivar atitudes que somem, palavras que edifiquem e gestos que inspirem. Que sejamos faróis e não sombras, pontes e não muros.
No fim, a vida sempre nos coloca diante de uma verdade
simples: alguém acredita em você.
Alguém te segue. Que esse alguém encontre em nós motivos para seguir o bem. (30/07/2025)
O QUE UMA MULHER PROCURA EM UM HOMEM?
Não é que ela não saiba fazer as tarefas sozinha. Não é que ela não consiga carregar as caixas pesadas, abrir os potes difíceis, resolver as questões práticas da vida. Ela consegue. Mas o coração dela amolece quando alguém é gentil, quando não é preciso desenhar cada passo para que uma tarefa seja executada, quando um homem se antecipa, observa e age com cuidado.
O coração de uma mulher se aquece quando uma data é lembrada sem precisar de lembrete, quando um detalhe é percebido mesmo sem ser dito, quando uma qualidade é elogiada sem segundas intenções ou interesses ocultos. São nesses gestos que ela enxerga amor, parceria e afeto genuíno.
Uma mulher tem a garra de uma guerreira, a coragem de uma águia e a força de um leão para lutar pelos seus. Mas, em seus momentos de fragilidade, saber que pode contar com alguém que a cuide é reconfortante. Todo mundo acha que só as fracas precisam ser cuidadas, mas não; todas precisam e todas merecem. Até as mais fortes, as mais independentes, aquelas que sorriem enquanto carregam o mundo nas costas.
Quantas vezes, chorando sozinha, uma mulher não desejou que alguém simplesmente a abraçasse, ou dissesse: "Deixa, eu vou resolver isso para você"? Não é incapacidade. É querer ser amada. É saber que, mesmo podendo fazer tudo sozinha, é bom demais quando alguém faz por amor. (23/07/2025)
MESMO QUANDO TUDO PARECER IMPOSSÍVEL
Mesmo quando tudo parecer impossível, continuo lutando. Há dias em que as batalhas internas parecem maiores do que qualquer guerra externa. Em que o corpo pede descanso, a mente pede silêncio e o coração, força para continuar. Mas sigo. Não por obrigação, nem sempre por coragem – mas porque desistir, às vezes, dói mais do que persistir.
No final, descobrimos que as maiores lutas não são contra o mundo, mas contra nós mesmos. Cada justificativa que encontramos para desistir também carrega, escondida, uma pequena razão para tentar de novo. Cada derrota traz em si a lição que faltava para o próximo passo. Cada vitória é só mais um degrau – nunca o último, apenas o próximo.
E é nesse caminho de pequenas batalhas diárias que percebemos que a maior vitória não é um troféu, um título ou um reconhecimento público. A maior vitória é deitar a cabeça no travesseiro, ao final do dia, e saber que você foi fiel a si mesmo. Que, mesmo com medo, você agiu. Mesmo cansado, tentou. Mesmo sem certezas, caminhou.
Porque no fim das contas, a luta é você com você mesmo. As justificativas são suas, as batalhas são suas, e as vitórias, também. E que bom que é assim. Pois isso significa que ninguém pode tirar de você aquilo que conquistou dentro de si.
Mesmo quando tudo parecer impossível, não desista. A vida não exige que você vença sempre. Ela só pede que você continue. (20/07/2025)
RESPEITO SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR
Vivemos em tempos de opiniões fortes, posicionamentos declarados e afetos seletivos. Eu mesma posso não gostar de determinada pessoa, não ir com a cara dela, não querer conviver, chegar perto ou sequer compactuar com sua arte, suas ideias ou seu modo de viver.
Mas há algo que vem antes de tudo isso: o respeito como ser humano é obrigatório.
Respeitar não significa concordar. Respeitar não significa apoiar. Respeitar significa apenas reconhecer a humanidade no outro, que existe independentemente do que ele faz, pensa ou produz.
Além disso, precisamos falar sobre a responsabilidade social de nossas palavras, atitudes e posicionamentos. Disseminar ódio, espalhar intrigas, criar conflitos desnecessários – tudo isso é um desserviço à sociedade. Não contribui para nada além de mais violência e ignorância.
Antes de apontar, criticar ou humilhar, precisamos nos perguntar: o que estou fazendo pela humanidade? Precisamos primeiro nos autoconstruir, tornarmo-nos seres do bem e fazer o bem para o outro. Só assim estaremos em condições de emitir opiniões que realmente agreguem algo ao mundo.
Na verdade, quem opta pelo contrário – pela maldade gratuita, pela fofoca destrutiva, pela intriga – não passa de pessoas ignorantes, que precisam ler, estudar e vivenciar muito mais antes de abrir a boca. E quem aplaude essas atitudes também precisa estudar, e muito, antes de bater palmas para discursos vazios e agressivos.
Posso não gostar. Posso não seguir. Posso não aplaudir. Mas não posso desrespeitar. Porque o respeito sempre vem em primeiro lugar – e quem não entende isso ainda está muito distante de qualquer evolução como ser humano. (16/07/2025)
O PESO DE DAR CONTA DE TUDO
Vivemos em uma sociedade que insiste em cobrar das mulheres um desempenho sobre-humano. É como se houvesse um cronômetro invisível, rodando o tempo todo, monitorando se ela está dando conta — da casa, dos filhos, do trabalho, do corpo, do humor, da vida. E, paradoxalmente, quem vive tentando dar conta de tudo, o tempo todo, corre o risco de atrair justamente quem não dá conta de nada.
Ser multitarefa não é uma escolha. Foi uma exigência cultural naturalizada ao longo de gerações. A mulher que organiza a vida de todo mundo, que antecipa problemas, que resolve, que cuida, que se desdobra, muitas vezes acaba cercada por quem se acostumou a não dividir a responsabilidade — seja em casa, no trabalho ou nas relações.
O peso é real. E vem de todos os lados. Se é mãe, é julgada. Se trabalha demais, é julgada. Se se dedica à casa, é julgada. Se cuida do corpo, é fútil. Se não cuida, é relaxada. A mulher perfeita, segundo os padrões inalcançáveis, deve ser mãe presente, profissional de alto desempenho, esposa impecável, amiga disponível e, ainda, carregar no corpo os traços de quem mal tem preocupações — magra, jovem, descansada, plena.
É uma equação impossível, mas que ainda assim é imposta diariamente, com olhares, comentários, manchetes e, muitas vezes, com o próprio silêncio. A sobrecarga mental feminina não é mimimi, não é vitimismo. É estatística. É saúde pública. É uma urgência social.
Falar sobre isso é mais do que necessário. É um convite — ou melhor, um alerta — para que a responsabilidade da vida, da criação dos filhos, do cuidado, do trabalho e do afeto seja, de fato, dividida. Porque quem cuida da conta de tudo o tempo todo não aguenta para sempre. E nem deveria. (09/07/2025)
SOMOS O QUE PODEMOS SER
Vivemos na era do desempenho absoluto. Somos pressionados, desde cedo, a sermos o que "devemos ser": filhos exemplares, estudantes perfeitos, profissionais incansáveis. Mas há uma pergunta muito mais profunda que se esconde por trás dessas cobranças: afinal, somos o que querem que sejamos ou apenas o que podemos ser?
Ao longo da história, o ser humano se orgulhou de superar limites – físicos, tecnológicos e emocionais. Descobrimos curas, exploramos oceanos, pousamos na Lua e estamos perto de chegar a Marte. Mas, enquanto indivíduos, somos apenas aquilo que nossas forças, condições e histórias nos permitem. Isso não significa acomodação, mas reconhecimento da realidade. Um corredor pode treinar para alcançar sua melhor marca, mas jamais ignorará os limites naturais de seu corpo. Da mesma forma, um trabalhador pode se dedicar ao máximo sem, contudo, negar sua saúde mental ou dignidade.
Aceitar que "somos o que podemos ser" não é desistir de crescer; é ter clareza sobre as próprias capacidades, vocações e, sobretudo, o tempo necessário para florescer. Em um mundo que exige velocidade, muitas vezes o mais revolucionário é cultivar a paciência de ser, no presente, o melhor possível – e não o que é imposto como ideal inalcançável.
Por fim, ser o que podemos ser também significa reconhecer o outro: cada pessoa carrega histórias, dores e batalhas invisíveis que determinam quem ela consegue ser hoje. Mais compaixão e menos julgamentos construiriam um caminho social mais digno e humano, no qual ninguém seja definido apenas pelo que aparenta, mas valorizado pelo que é capaz de se tornar.
Em tempos de pressão e imediatismo, que saibamos respeitar nossos limites e, ao mesmo tempo, sonhar com a próxima etapa. Porque, no fundo, seremos sempre isso: o que podemos ser – hoje, amanhã e em cada novo recomeço. (02/07/2025)