INÊS POMALIS

INÊS POMALIS

ENSAIOS DA ALMA E DA TERRA

Prezado Leitor, você terá contato semanalmente com a coluna 'Ensaios da Alma e da Terra', da autora Inês Pomalis, assuntos inspirados no cotidiano e na natureza. Mais do que informar, esta coluna convida à reflexão e oferece entretenimento, podendo chegar ao cômico. 

Inês Pomalis é Bióloga, pós-graduada em Filosofia e Psicanálise, aposentada, professora e taróloga. Acredita que tudo vibra em energia e está conectado, que cada pessoa carrega um poder único e que nosso propósito é sermos melhores hoje do que fomos ontem.

- Acompanhe de perto...


MEU DOCE CEMITÉRIO

Morávamos a duas quadras do cemitério. Nunca soube o nome; era conhecido como Primeiro Cemitério, já que umas quadras adiante, depois da curva da Madeireira, ficava o Segundo Cemitério e bem mais longe o Terceiro Cemitério. É no Primeiro Cemitério que está o túmulo perpétuo onde foi enterrado meu avô materno.

Para nós, crianças nos anos 60, que vivíamos sem falecimentos na família, entre amigos e vizinhos, a data de Finados era uma festa. Não entendíamos o verdadeiro significado da data, pois a morte não fazia parte de nossas vidas.

Vivíamos à beira da miséria. Não havia carro, nem Shopping, nem televisão, muito menos telefone. Sem passeios, nem sorvete, nem doces. Mas havia Finados, uma das festas mais esperada pelas crianças do bairro.

No começo de outubro, havia os preparativos para ir ao cemitério limpar e pintar o túmulo do vovô. Meu pai afiava o "podão", a grande tesoura de cortar grama. Conferia os pincéis em uma lata com querosene, verificando se estavam em bom estado. Investigava as sobras em latas de tinta branca, se seriam suficientes para pintar a estrutura de alvenaria da sepultura.

No sábado anterior ao 2 de novembro, íamos ao cemitério cuidar do túmulo. Como dizia minha mãe, era importante limpar o túmulo antes da data de Finados, para que no dia, estivesse limpo e organizado e quem o visse, pensasse que somos uma família que cuida de seus mortos. Embora não fôssemos.

Ao chegar o dia de Finados acordava feliz, me aprontava rapidamente, pegava duas latas de tinta vazia e ia ao Primeiro Cemitério.

A calçada ficava tomada por barracas que vendiam flores e vasos. Também pipoqueiros e vendedores de algodão doce, este último, meu objeto de desejo. Era muita gente entrando no cemitério, famílias inteiras. Uns levando flores e vasos, apenas de visita. Outros com baldes, panos, tinta e pincéis.

No cemitério havia duas torneiras de água gratuitas e fila para encher os baldes. Nem se fechava a torneira e formava-se um lamaçal. Com os dois baldes de tinta cheios de água, saíamos oferecendo às pessoas que limpavam os túmulos. Quanto mais longe da torneira ficava o túmulo, maior a possibilidade da pessoa nos pagar. Não lembro quanto cobrávamos, mas eram moedas de vintém.

Aqueles baldes de água me tornavam importante. Eu era útil e ajudava as pessoas, carregando a água de longas distâncias. Os meninos mais velhos eram mais habilidosos e se ofereciam para fazer toda a limpeza do túmulo. Estes, recebiam valores maiores, mas não gastavam com guloseimas. Levavam o dinheiro para casa.

Na fila, conversávamos perguntando em que parte do cemitério estava melhor de levar a água para vender. Havia até quem dizia que no Segundo Cemitério era melhor de vender água, pois os parentes dos falecidos eram mais abastados financeiramente. Íamos e vínhamos de um cemitério para outro. Toda esta movimentação acontecia no período da manhã, bem cedo.

Com o dinheiro comprávamos pipoca e algodão doce. Aí a festa acontecia. Chamavam para comprar pipoca, mas eu só queria algodão doce. Era uma festa.

Ficava deslumbrada vendo o homem jogar açúcar, pedalar a máquina e formar o algodão doce. Que delícia. (31/10/2025)


RITO E MARKETING DA ALMA

Quem aí já assistiu ao filme "Abracadabra"? Não assistiu? Talvez "Da magia à sedução"? Filmes antigos, dos anos 90. Um filme mais recente, "Stardust: o mistério da estrela" de 2007. Que tal "O mundo sombrio de Sabrina" de 2018? "Abracadabra 2" de 2022? O que todos estes filmes têm em comum? Bruxas e magia.

Outubro é mais do que o mês das crianças, do professor ou de Nossa Senhora Aparecida. Outubro é mês das bruxas! "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay."

A cada década temos um, dois ou até mesmo três filmes e séries sobre bruxas e magia.

Neste ano haverá eventos de Halloween pelo Brasil afora, mas vamos nos concentrar em São Paulo. Já tivemos o Baile de Halloween da Sephora no sábado passado. Vem aí as Canções de Halloween no MASP dia 25 de outubro, o Trem de Halloween e a Casa de Bruxa dia 31 de outubro e muito mais. Digite Halloween no Google e encontrará.

O que estaria motivando tantos eventos de Halloween? Que fascínio as bruxas e a magia exercem sobre nós? Não posso negar que assisti aos filmes que citei e a muitos outros.

O mundo das bruxas é fascinante quando pensamos que, com o toque de varinha, transformamos um sapo em príncipe. Quando palavras mágicas dão passagem para uma caverna repleta de tesouros - "Abre-te sésamo!", feitiço que até Raul Seixas usou em sua música. Quem não gostaria de dizer "Abracadabra" e ver seus desejos satisfeitos?

O que antes era segredo de iniciados, hoje é estética de instagram e tema de festas. O místico voltou ao cotidiano nas vitrines das lojas repletas de artigos de Halloween.

Será espiritualidade bruxesca ou mais uma data para ser explorada pelo comércio? O mesmo mundo que desacreditou do místico agora o vende em edição limitada. Uma nova linha de esmaltes "Novo Toque Mágica". Da perfumaria, temos "Perfume da Bruxa" e "Feitiço de Hécate".

Enquanto uns procuram conexão e cura vivendo a bruxaria como expressão de sua espiritualidade, outros apenas reproduzem a estética do místico: abóboras sorridentes, bonecas de bruxas, vassouras, velas, caldeirões.

O espetáculo pode ser um disfarce para um vazio a ser preenchido.

As redes sociais estão repletas de questionamentos. São muitos os perfis de influenciadores digitais, cada qual expondo a sua verdade, a sua certeza, o seu julgamento. Quem está certo? Quem está errado? A quem seguir? A quem ignorar?

Tanto conteúdo produzido em podcasts, vídeos, PDFs, textos, cada um apresentando a sua própria convicção. E a sua convicção, qual é?

Bruxas e magia, com certeza, são uma fonte de renda em filmes e séries, em produtos e eventos de Halloween, pois despertam nosso interesse e curiosidade. Mas será só isso? Nada a mais?

Para muitas pessoas, a magia da bruxaria é uma prática espiritual. Nelas, algo ainda carece de sentido. Um desejo de reencontro com o invisível que a razão moderna tentou apagar. Talvez o que busquem não seja poder, mas pertencimento participando de algo maior do que a própria rotina.

Entre luzes amarelas e velas aromáticas, há quem busque mais do que um cenário bonito. Talvez o encanto pelo místico revele uma saudade antiga por tradições e costumes.

O que o retorno do místico revela sobre o que ainda falta em nós? (20/10/2025)


DOMINGÃO

Heloísa passou a semana assistindo a vídeos curtos no celular sobre como se tornar mais produtiva e parar de procrastinar. Fez uma lista das dez coisas que começaria a fazer todos os dias, a partir daquele domingo.

Em um post-it amarelo, escreveu com a caneta cor-de-rosa: "Sou uma mulher adulta e funcional." Desenhou uma carinha feliz e colou no espelho do banheiro, local em que a mensagem estaria visível durante o dia.

A lista com as dez coisas que faria a partir daquele dia estava fixa na geladeira com um ímã em forma de tartaruga, lembrança de sua viagem de férias ao Projeto Tamar, na Bahia.

A primeira da lista! Beber 500ml de água em jejum. Heloísa cantarolou: "- Fácil… extremamente fácil!" Seu copo era de 300ml então decidiu tomar dois copos. Afinal, nem era tanta água assim!

Encheu um copo e tomou a metade em grandes goles. Olhou para o copo, respirou e, determinada, tomou tudo! Encheu o copo novamente e… pensou que seria melhor fazer uma pausa. Conferiu a lista e a segunda atividade era respirar profundamente por três vezes.

Heloísa abriu a janela de seu apartamento no 10° andar, olhou para a rua vazia, inspirou profundamente, segurou o ar nos pulmões por cinco segundos e expirou pela boca. Inspirou, segurou o ar… e um súbito ataque de tosse a fez recuar, sentar na cama e colocar a mão no peito.

Achou que já era suficiente, pois não estava acostumada com respirações profundas. Melhor terminar de beber a água. De golinho em golinho, demorou uma boa meia hora para dar conta dos restantes 300ml.

A terceira atividade da lista era arrumar a cama e colocar objetos, papéis, roupas e sapatos nos devidos lugares. Organização do apartamento, o que foi feito de forma satisfatória ao som de BTS, pois até a mais simples arrumação merece uma trilha sonora digna de turnê mundial.

Orgulhosa por seu progresso, deitou-se no sofá para dar uma conferida nas redes sociais. Tudo bem, tudo zen. Foi ao banheiro lavar o rosto e pentear os cabelos. Leu em voz alta: "Sou uma mulher adulta e funcional." Estava feliz por estar dando conta do que havia se proposto.

Depois do almoço e de limpar a cozinha, não se conteve: sorriu olhando para todo o seu apartamento. A pia brilhava, almofadas no lugar e o silêncio tinha cheiro de sucesso no lar. Abraçou o travesseiro e se deixou cair no sofá. Uma soneca de vinte minutos cairia bem!

Acordou com o toque do celular. As amigas chamavam para ver o pôr do sol no terraço do prédio. Assustada, sentou de súbito na cama, olhando para a janela, onde o entardecer anunciava o fim do dia. Pensou, com tristeza, nas tarefas que não havia realizado. Poxa! Estava indo tão bem!

Tomou uma ducha rápida, trocou de roupa e subiu ao terraço, onde as amigas a esperavam com uma latinha gelada para cada uma. Fizeram fotos, selfies, riram e publicaram no instagram.

Heloísa voltou para casa, pegou a lista com 7 atividades ainda por fazer e colocou na agenda. No banheiro, leu a frase no post-it: "Sou uma mulher adulta e funcional." Torceu o nariz e pensou "Em breve!"

Talvez o domingo não fosse o melhor dia da semana para começar uma nova rotina. Afinal, domingão é dia que vem com defeito de fábrica: chega cansado e vai embora dormindo. (19/10/2025)


ESCOMBROS

Você também já teve um dia caótico? Um dia em que nada dá certo? Uma situação em que deu tudo errado? Nadou, nadou e morreu na praia! Chegar atrasado e perder a entrevista, a consulta, a prova, o prazo, a oportunidade.

Outubro chegou e nos alerta sobre o caos que pode se instalar em nossas vidas.

Atenção redobrada!

Prepare-se!

Existem estratégias para evitar o caos. O planejamento e a organização em agenda são de grande ajuda para evitar a perda de compromissos. Mas de nada serve uma agenda se não tiver disciplina para consultá-la durante o dia.

É importante antecipar-se a acontecimentos em um futuro próximo, estando atento ao que acontece ao seu redor. Nem tudo de ruim é consequência de nossas ações, mas também do meio externo. Às vezes somos apenas atingidos pelo reflexo das energias que o outro emana. Pode ser uma palavra dita no calor do momento, um gesto impensado, um olhar atravessado.

Podemos controlar nosso meio interior, mas não o meio exterior. Podemos controlar nossas ações, cultivar a disciplina, observar nossos sentimentos e ajustar nossas reações, mas não temos nenhum controle sobre os outros.

Projetamos uma estrutura firme, sólida, resistente. Determinamos sua estabilidade, durabilidade e segurança. Indestrutível. Legado para o futuro.

Acreditamos estar no controle, pois tudo segue conforme planejado e a vida parece obedecer aos nossos comandos.

Mas… E se de repente tudo desmoronasse? Como uma torre que cai?

Tudo o que era sólido, treme. Tudo o que era certeza, é dúvida. Tudo o que era certo, é questionado. É destruição, é transformação, é mudança. No lugar do que desmoronou, vemos o essencial: o alicerce.

É possível reconstruir se o alicerce foi bem construído. Será uma torre diferente, mais alta ou mais baixa, com muitas janelas ou poucas janelas.

Assim também é com as pessoas. O alicerce é o nosso grupo de apoio, são as pessoas com quem podemos contar numa fase difícil da vida.

A destruição da torre é necessária de tempos em tempos para que possamos identificar quem são as pessoas com quem podemos contar: familiares, amigos, conhecidos, colegas de trabalho… e, às vezes, até estranhos que aparecem no momento certo, oferecendo uma palavra, um abraço, um gesto simples de acolhimento.

Estamos destinados a uma mudança neste mês de outubro. Nossa torre pode ruir a qualquer momento. Não nos cabe lutar contra esta destruição; é preciso acolhê-la, pois toda mudança é necessária. É um convite a um novo olhar sobre nós mesmos e o outro.

Nada é permanente e toda queda contém um aprendizado. Uma reavaliação se faz necessária para encontrar passagem, saindo do mundo cômodo e protetor para lidar com o que vier. Não é sobre temer o inesperado, mas aprender a navegar por ele atentamente.

O pior cenário não é a destruição da torre, mas estar só para construir uma nova torre. Juntar o pouco que restou, erguer-se sobre os destroços, buscar incentivo, aprovação e apoio entre as pessoas próximas.

Só quando tudo desaba é que vemos quem está conosco, ajudando a juntar os cacos, segurando a pilastra, alcançado os tijolos. Os bons ventos de outubro derrubam o que é velho, mantendo o alicerce para reestruturar o novo.

Quando tudo der errado, em que você se apoia? (15/10/2025)


PELO QUÊ, VALE A PENA MORRER?

Em setembro participei de uma atividade na Academia Araçatubense de Letras que abordava o conflito entre lei natural e lei positiva na tragédia grega "Antígona", de Sófocles. Discutimos não apenas a história antiga, mas as questões que ela continua a despertar em nossa sociedade.

Na peça, os irmãos de Antígona, Etéocles e Polinice, tinham direito ao trono. O tio Creonte governava como regente e a cada irmão seria destinado um ano de governo. Etéocles foi o primeiro a governar e não cedeu o trono ao irmão. Polinice organizou um exército e atacou a própria cidade.

Os irmãos morreram na batalha e Creonte determinou funeral com honrarias para Etéocles, mas não para Polinice, que foi considerado traidor. Antígona discordou da ordem de Creonte e, na calada da noite, cuidou do corpo do irmão conforme a tradição. Por isto, Creonte a condenou a ser enterrada viva em uma caverna.

Na tragédia grega, a lei natural é a tradição das práticas fúnebres e dos costumes ancestrais, enquanto a lei positiva são os decretos de Creonte. Antígona seguiu a lei natural desobedecendo a lei positiva. Ela não desejava morrer, mas sim manter-se fiel ao que acreditava ser sagrado: praticar a espiritualidade, honrar os mortos e cuidar do corpo do irmão para que sua alma pudesse atravessar ao mundo dos mortos.

De um lado a tradição, a espiritualidade, a sensibilidade de Antígona; do outro, a lógica dura de Creonte, seu ego e poder que não cedem. Para Creonte, faltou sensibilidade e não foi misericordioso. Para Antígona, faltou lógica para prever o desfecho.

É justamente esse impasse que torna a história eterna. Ambos são humanos, falhos e presos em seus próprios princípios.

Hoje, Creonte se manifesta nas leis e regulamentos que não contemplam o lado humanitário, nos egos que não cedem e que determinam o certo como lhes convém. Ele surge nos ambientes de trabalho, nas famílias, nas políticas públicas, em qualquer espaço onde a rigidez sufoca a compaixão.

Antígona não está apenas na Grécia Antiga. Ela caminha entre nós quando alguém se levanta contrarregras que ferem a dignidade e a honra, mesmo diante de censuras e punições. Ela vive em cada ato silencioso de resistência, em cada gesto que, mesmo pequeno, preserva um valor essencial.

Cada um de nós carrega um Creonte e uma Antígona interior. Há momentos em que a lógica nos impõe limites e há momentos em que a sensibilidade é desafiadora. Viver é, em grande parte, equilibrar estes dois polos. Tenhamos sabedoria para perceber quando ceder e quando desafiar.

No mundo de hoje, morrer pelo que acreditamos pode ser literal ou simbólico. Pode significar defender a honra de alguém, manter a dignidade mesmo sob pressão, viver conforme os princípios morais e éticos em um contexto que valoriza atalhos e recompensas rápidas. Cada escolha carrega riscos, perdas e ganhos.

A pergunta permanece atual e incômoda: pelo quê, vale à pena morrer?

Talvez seja este o convite que Antígona nos faz, não de morrer, mas de refletir sobre pelo que vale à pena viver, sobre o que não pode ser negociado dentro de nós, sobre o que dá sentido à nossa passagem pelo mundo. (01/10/2025)


AMAR E AMADO SER

O amor começa como um sopro quente na pele. Um desejo que se acende no olhar, que chama o corpo para mais perto e faz a alma dançar num compasso novo. É um ímã invisível, doce e feroz ao mesmo tempo, que desperta a vontade de se misturar, de pertencer, de habitar no outro como se ali estivesse a casa perfeita. Mas é justamente nesse encantamento que mora o risco de esquecer que, antes de qualquer encontro, existia um território só nosso.

Há quem confunda amor com fusão. Como se, ao encontrar alguém, o próprio contorno deixasse de existir. Como se amar fosse se dissolver no outro até não sobrar vestígio de si. Mas amor de verdade não pede isso.

O amor maduro é como um jardim que se encontra na fronteira entre duas casas. Cada um cuida do seu quintal, planta suas flores, rega suas raízes. E, ainda assim, abre o portão para que o outro atravesse, sinta o perfume, colha uma fruta madura. Mas nunca abandona o próprio pedaço de terra.

Quando esquecemos de nós, o terreno interno seca. Perdemos a cor, a textura, a voz. E, cedo ou tarde, a relação começa a sentir o peso desse vazio. Amar o outro inclui permanecer inteiro, com os pés firmes na própria vida, os olhos voltados para os próprios sonhos.

Porque o amor saudável não sufoca, não pede renúncia da essência. Ele respira. Ele entende que duas almas completas podem caminhar juntas, sem que uma se torne sombra da outra.

E no fundo, cuidar de si é também cuidar do amor. Porque quem se mantém vivo por dentro, mantém vivo o que há entre dois. (25/09/2025)


TRAVESSIA

Somos quem podemos ser.

Verdades. Mentiras.

Amor. Ódio.

Revolta. Tranquilidade.

Discórdia. Harmonia… e por aí vai …

Pensamos, investigamos, opinamos, acreditamos em uma certeza absoluta.

Na cabeça que nos rege há atitudes tão arraigadas fazendo parte do que somos, que nem percebemos que não servem mais. É mais fácil defender certezas gastas do que abrir espaço para o desconhecido. É cômodo repetir velhas fórmulas, velhas rotas, que não nos levam aonde queremos chegar atualmente.

São versões de nós mesmos que já não servem mais, nem mesmo aos nossos próprios interesses, mas ainda insistimos em usá-las como uma segunda pele. São atitudes, gestos, pré-conceitos que perderam o sentido e ainda assim insistimos em mantê-los vivos. Alimentamos e nutrimos as crenças antigas, pois se foram boas no passado, serão boas hoje em dia.

Entretanto o mundo mudou, a sociedade mudou, a convivência mudou.

Nós, humanos, tememos o desconhecido. Para evitá-lo, fazemos esforço gigantesco para manter as coisas como são, para viver da forma como aprendemos a viver. Tudo o que é novo e desconhecido gera temor e, por consequência, resistência.

O tempo não negocia, ele prossegue e seguimos com ele. O tempo e as mudanças apontam o momento em que se torna impossível continuar sem transformar a si mesmo.

É aí que surge a travessia.

É preciso despir-se do que não serve mais e vestir-se de coragem para continuar. Despir-se das velhas máscaras, aceitar a queda das estruturas que não sustentam mais nada. Um estilo de vida, uma velha atitude, uma perspectiva que tornou-se inútil.

Não há transformação sem destruição. A morte das antigas posturas não é tragédia: é libertação. A destruição é seguida de renovação. Uma porta se fecha e outra se abre.

Terá coragem de atravessá-la? Atravessar dói, mas permanecer onde já não há mais vida dói ainda mais. Abra-se e desfaça-se de tudo o que não necessita mais. Do outro lado há espaço para um novo fôlego. Faça a travessia.

O que você ainda mantém, que não serve mais? (18/09/2025)


MENINOS, EU VI!

Araçatuba gosta de se vestir de cidade grande. Tem aeroporto, prédios que cortam o céu e engarrafamento. Por outro lado, ainda guarda aquele jeito de quintal aberto, onde as pessoas acreditam que a rua lhes pertence. Meninos, eu vi!

Havia um compromisso agendado com hora marcada e inadiável. Pedi um "uber" às 18h00 para ir do Centro até o New York Tower, em Jardim Nova York. Enquanto os carros, ônibus e caminhões desciam lentamente a Av. Brasília, os motociclistas passavam chispando por nós entre as fileiras de veículos.

A motorista do uber comentou que não gostava de trabalhar naquele horário, devido ao volume de veículos, trânsito lento e engarrafamento. Concordei com uma certa dúvida, pois até então não tinha presenciado tais acontecimentos. É certo que havia uma boa quantidade de veículos, mas engarrafamento…

Pois não é que o trânsito parou por alguns instantes! Depois seguiu lento. Mas a coisa ficou feia mesmo na rotatória: tinha carro indo e vindo para tudo quanto era lado! A motorista seguiu firme, veloz, destemida e a mim só coube ficar embasbacada. Pensei: "Ufa! Passamos." Parabéns à motorista!

Outro dia estava olhando pela janela da sala. Meninos, eu vi! Dois homens atravessavam a rua devagar, fora da faixa de pedestre, ignorando o semáforo, quando resolveram parar bem no meio do asfalto para continuar a conversa. O carro que vinha devagar freou totalmente. O de trás não conseguiu e bateu de leve. Os dois homens seguiram a passos tranquilos, como se nada tivesse acontecido.

O primeiro motorista desceu exaltado, chamou a atenção dos dois pedestres, gesticulando e reclamando. Os dois pedestres deram de ombros e seguiram seu caminho. Parece que não perceberam as consequências de seu caminhar. O prejuízo, felizmente, não passou de um susto. Cada motorista voltou ao seu carro e seguiram viagem.

A mim fica o pensamento. Que cidade controversa é Araçatuba! Motoristas que reclamam do congestionamento como se estivessem em São Paulo, e pedestres que atravessam como se não houvesse automóveis no mundo.

Uma cidade que ainda aprende a conviver com o próprio tamanho, entre a pressa e a distração. Meninos, eu vi! (18/09/2025)


NADA É PARA SEMPRE

Este é o título em português de um filme de 1992 que gostei muito. Em inglês "A river runs through it". Senti que aprendi sobre a vida e suas implicações. A vida é simples e as implicações complicam a vida. Viver é fácil, conviver é difícil. As implicações provêm de nossas escolhas e decisões. Por vezes, as implicações também podem se originar a partir de escolhas e decisões dos outros. De qualquer forma, somos responsáveis pelas implicações que dificultam a vida. Estas implicações fazem com que nada seja para sempre.

Todos nós sabemos que não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, ou seja, nada é para sempre. Mas vivemos dia após dia como se tudo fosse para sempre. Casamento é para toda a vida, se desfaz com a morte. Muitos sacrifícios para manter o mesmo emprego, melhor se for até a aposentadoria. Preferível o plantio de cafezal do que milharal. Aquela viagem, pode deixar para o ano que vem. Um dia comprarei a casa própria.

Vivemos como se fôssemos imortais e como se as coisas se mantivessem para sempre.

Quando a consciência nos lembra que tudo é passageiro, sentimos tristeza e pesar.

Nada é para sempre. Tudo passa. Tudo é passageiro... inclusive nós. Somos passageiros nesta nave Terra.

Mudanças são a constância na vida. Algumas mudanças são únicas, outras são cíclicas. Este mês de setembro nos traz uma mudança cíclica, que ocorre anualmente: adeus inverno, bem-vinda primavera. É uma mudança ocasionada pela combinação da inclinação do eixo e do movimento de translação da Terra.

Penso que é um bom parâmetro para nossas vidas, escolhendo ciclos para encerrar e ciclos para iniciar, praticando o "nada é para sempre". Sempre temos escolha e nos cabe decidir. Quais ciclos encerrar. Quais ciclos iniciar. (11/09/2025)


O AR EM BRASA

Meu nariz sangrou ontem à noite… de novo! Isso vem acontecendo já há uns 20 dias. O ar entra seco, resseca as mucosas das narinas e sai arranhando, provocando espirro e aí está: mancha de sangue no lenço descartável. Depois fica escorrendo por um tempo. Uma caixa de lenços descartáveis dura entre 3 a 4 dias.

Esta situação já me aconteceu no verão, por causa do calor excessivo. Não esperava que acontecesse no auge do inverno. Aliás, que inverno! Disseram que, aqui em Araçatuba, o frio tem a duração de dois dias. Em julho, tivemos quase 20 dias de frio com temperaturas abaixo dos 18°C. Agosto não está parecendo mais quente do que foi em julho. Sinto agosto tão frio quanto foi julho.

Neste inverno, a cidade veste tons de bege, cinza e o verde apagado das árvores. O sol pálido ilumina sem aquecer. O vento frio parece cortar a pele. O céu, azul desbotado, por vezes encoberto por nuvens acinzentadas: não é chuva, é frio.

A umidade foge da pele, das plantas, do ar. Tudo resseca: os lábios, a pele, as narinas. Abro a janela e sinto o cheiro do pó que vem da rua. Poeira invisível que se instala nos móveis, nos pulmões, nas ideias. Sim, nas ideias! Penso na poeira, no vento que a movimenta, na umidade relativa do ar em 35% e no meu nariz que sangra à noite.

Na Praça Rui Barbosa, onde se reúnem alguns idosos para "lagartear", um senhor disse, com a sabedoria de quem já viu muitos invernos passarem: "É tempo de silêncio. Quem fala demais em agosto, costuma engasgar com a própria poeira.

O ar está em brasa e estala. É garganta de poeira. É nariz ressecado que sangra. É treinar o fôlego sem umidade e com pó. É um ensaio para a resistência aos incêndios lá fora e aos de dentro.

Sigo entre sangramentos, goles de água, pingando descongestionante nasal para umedecer as narinas, esperando uma chuva como quem espera uma promessa antiga. Enquanto a chuva não vem, escrevo. Porque escrever é uma forma de umedecer o que ainda vive em mim. - (14/08/2025)


FORA DO RUÍDO

Vivemos rodeados de vozes.

As que chegam de fora, apressadas e opinativas. As que vêm de dentro, que raramente têm espaço para se manifestar.

Às vezes, vivemos no automático: decidimos, resolvemos, respondemos. Ainda assim, algo parece fora do lugar. Um desconforto sutil, uma dúvida que não passa, uma sensação de que esquecemos alguma parte importante de nós mesmos pelo caminho.

É difícil ouvir quando tudo ao redor faz barulho. E é ainda mais difícil quando o barulho vem da nossa própria cabeça: pensamentos girando, preocupações acumuladas, listas de tarefas que nunca terminam. Aprendemos a ser funcionais, eficientes, produtivos, mas nem sempre aprendemos a escutar.

Escutar o quê?

Aquilo que não se diz com palavras.

Aquilo que não aparece nos gráficos nem nos boletos.

Aquilo que se revela quando paramos por um instante, respiramos e permitimos que o silêncio fale.

Entre o ruído do mundo e o barulho da própria mente, nem sempre é fácil perceber o que realmente sentimos. No entanto, há uma sabedoria silenciosa que habita cada pessoa. Um saber mais profundo, que não depende de argumentos nem de explicações. Só precisa de atenção.

Todo mundo tem uma voz interna. Não no sentido místico ou extraordinário, mas como parte do que somos. O problema é que estamos ocupados demais para escutá-la ou inseguros demais para confiar no que sentimos.

Mas como se escutar nesse cenário de correria, telas e notificações constantes?

Não é uma "missão impossível". Pode começar com algo simples. Observar calmamente o que está ao seu redor, como por exemplo, uma árvore, o movimento das folhas, o vai e vem das pessoas na rua ou até mesmo o brilho do céu.

Ao olhar com calma, sem pressa ou intenção de julgar, criamos um espaço interno. A mente, ocupada com mil pensamentos, aos poucos se acalma. Então, aquele saber que estava escondido começa a se revelar.

Há um segredo importante para quem busca soluções e clareza: para encontrar a solução de um problema, saia do problema.

Muitas vezes insistimos em olhar para o mesmo ponto, esperando respostas que não chegam. Mas é quando nos afastamos, quando damos um passo para trás, que a visão se amplia. É nesse espaço fora do problema que a resposta aparece, quase sempre de forma inesperada.

Não é uma técnica difícil. É um convite para estar presente de um jeito leve, sem tentar controlar nada. Apenas olhar e, no olhar, deixar que o silêncio interno apareça.

Nesses momentos simples, podemos perceber o que nos inquieta, o que nos traz dúvida, o que está pronto para mudar. E aí começamos a ouvir aquela voz interior que fala baixo, mas que sabe muito bem o caminho.

Escutar a si mesma pode ser o gesto mais simples e poderoso para reencontrar o próprio rumo.

REFLEXÃO: "Você consegue distinguir sua voz no meio de tanto barulho?" - (13/08/2025)


DIA DOS PAIS

NEM SEMPRE É PRESENÇA, SEMPRE É MARCA

Pai não é só quem está no retrato.

É quem atravessa o tempo da criança com alguma responsabilidade.

Com a escuta. Com o gesto. Com o exemplo.


Pai pode ser aquele que ensina sem palavras.

Pai pode ser aquele que falha.


Neste Dia dos Pais não celebro mitos, mas trajetórias:

que acolhem, 

que educam com firmeza e afeto.

Até mesmo as trajetórias que deixam lacunas, pois também moldam quem nos tornamos.


Para os pais que ficaram, que saibam o peso e a leveza de serem referência.

Para os pais que partiram, que entendam a ausência que deixaram.

Para os filhos, que encontrem pessoas que curem, inspirem, sustentem.


Paternidade é vínculo.

Quando verdadeiro, permanece apesar do tempo.

Quando ausente, ecoa apesar da cura.

Feliz Dia dos Pais para quem faz da presença um legado. 10/08/2025


AGOSTO: MÊS DE DESGOSTO? (01/08)

Chegamos em agosto, trinta e um dias corridos, nenhum feriado. O mês promete ser produtivo, mas estamos cansados dos meses passados e as perspectivas para o futuro não são as melhores. Como será o nosso agosto? Para uns, um mês que se arrasta lentamente, um peso pra carregar; para outros, mais tempo para sentir, mudar, viver.

Mas por que agosto é considerado o mês de desgosto, ou um mês de azar? Nada científico, pura crendice popular. Sabe aquelas coisas que a gente aprende por experiência própria ou observando os fenômenos da natureza? Conhecimento popular transmitido de geração a geração.

Tudo começou em Portugal, com a partida de caravelas no mês de agosto, esposas temiam pela vida de seus amados, pois a possibilidade de ficar viúva era muito grande. Casar em agosto? Só depois que o noivo voltasse do mar!

Outros fatos trágicos reforçaram a fama ruim de agosto, como o início da Primeira Guerra Mundial, as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, o suicídio de Getúlio Vargas, a Guerra do Golfo.

Agosto também é apelidado "mês do cachorro louco", novamente por conhecimento popular a partir da observação de maior quantidade de cães no cio circulando pelas ruas em matilhas, latindo e uivando.

Entre medos antigos e tragédias, agosto chega até nós. Como vamos recebê-lo? Como vamos vivê-lo? Depende das escolhas de cada um de nós.

Podemos baixar a cabeça e lamentar pelos meses passados em que não atingimos nossas próprias metas e objetivos; ou podemos levantar a cabeça e concentrar esforços, caprichar na disciplina para recuperar um pouco do foi perdido. Se não foi feito até agora, agosto nos dá o tempo para fazer.

Se aceitarmos os desafios de agosto, vamos atravessá-lo com decisão e atitude. Agosto não é fim, nem início: é encruzilhada. Desafios e encruzilhada nos convidam a mudar o passo, o ritmo, o rumo.

Então, talvez o "seu" agosto não seja um mês de desgosto. Talvez ele seja apenas aquilo que você escolher transformar. 


CRIANÇA DIZ CADA UMA! (16/07)

Depois de concluir o curso de Jornalismo, consegui meu primeiro emprego na Rede Gazeta de Televisão, que é a afiliada da Rede Globo em Vitória/ES. De estagiária, fui contratada como Jornalista Auxiliar e uma das minhas principais tarefas era descobrir as notícias que estavam em alta nas redes sociais e na mídia.

Estava bem encaminhada, trabalhando com a profissão que escolhi e me formei, orgulho da família. Com certeza faria carreira e alcançaria o sucesso no meio jornalístico. Sim, tenho orgulho do que conquistei ao longo dos meus poucos 24 anos e falo alto e claro: Sou jornalista!

O salário de iniciante ainda era pouco para morar sozinha, então continuava morando com meus pais e irmãos. De qualquer forma, não havia motivo ou pressa para sair da casa dos pais, pois tínhamos uma boa convivência.

Mas a casa ao lado da nossa, era uma casa de aluguel. Famílias vinham, ficavam 6 meses ou 1 ano e mudavam. Por isto não tínhamos profundo conhecimento destes vizinhos, nem eles de nós. Havia chegado uma nova família, um casal na faixa de uns 30 anos, com uma menina de uns 5 anos e um bebê.

Com frequência, ao sair para o trabalho, encontrava a menina no portão da casa. Uma gracinha de menina, olhos curiosos, sorriso radiante, cabelos penteados com lacinhos e uniforme da escolinha municipal. Falava suave, não gritava como a maioria das crianças que conheço. Conversadeira que era, logo puxava assuntos do seu mundinho infantil.

Até que era divertido conversar com aquela pequena. De certa forma me fazia bem, eu seguia o meu caminho leve e sorridente. Sensação de ter feito algo de bom ao dar 2 ou 3 minutos de atenção à menininha.

Outro dia ela mostrou a boneca que levaria para a escola e logo perguntou se eu tinha bonecas. Expliquei que tinha apenas duas bonecas Barbie que guardei como recordação, mas não brincava mais com elas. Assim eram nossas conversas: breves amenidades.

Mas naquele dia foi diferente. O assunto saiu do seu mundinho infantil e adentrou o meu mundo adulto. Nunca imaginei que aquela conversa inocente teria um viés que me faria corar e encabular.

- Oi, moça! Você vai pra escola?

- Não, eu já terminei a escola e agora eu trabalho.

- Trabalha de quê?

- Sou jornalista.

- Que nem essas da televisão?

- É… mais ou menos… Tchau!

- Tchau!

Segui meu caminho e alcancei a esquina, onde esperava uma moto passar para atravessar a rua e vi a menina no colo do pai, em direção ao carro. Ela apontou para mim e pude ouvir o que ela disse:

- Olha, papai! Aquela moça faz programa!


DIA DE MALALA (12/07)

Foi há 13 anos que a mídia do mundo inteiro voltou as lentes e os microfones para um pequeno e pouco conhecido país da Ásia Meridional, o Paquistão. Lá vivia Malala Yousafzai, uma criança de 12 anos com a consciência de uma jovem que entendia a opressão que o Talibã (Movimento Fundamentalista e Nacionalista Islâmico) exercia sobre a sociedade paquistanesa.

Tão jovem e já era ativista na luta pelo direito das meninas à educação. Malala tinha apenas 11 anos quando começou a escrever um blog para a BBC (British Broadcasting Corporation) sob o pseudônimo Gul Makai, relatando a vida sob o regime do Talibã, as dificuldades que ela e suas colegas enfrentavam, principalmente em relação ao direito de frequentar a escola e estudar.

Em 2012 a identidade de Malala como autora do blog e sua determinação em frequentar a escola, levou o Talibã a atacá-la, sendo baleada na cabeça. O atentado contra Malala ganhou repercussão mundial chamando a atenção para a violência do Talibã contra meninas e mulheres e a luta pelo direito à educação. Malala tornou-se um símbolo do direito universal à educação formal escolar.

A ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu o dia do aniversário de Malala, 12 de julho, como o "Dia de Malala", uma forma de reforçar a importância da educação como um direito e para destacar que ainda há desigualdades no acesso à educação.

Mas o que isso tem a ver comigo, com você, conosco? Uma história de resistência e luta em terras distantes. Como poderia nos atingir? Aqui temos o direito à educação garantido na Constituição Federal. Malala tinha direito à educação, até a interferência do Talibã.

É pouco provável que algo semelhante aconteça em nosso país, mas… o sucateamento da educação com a deterioração dos prédios escolares, desvalorização moral e financeira de professores, são temas que merecem a atenção no sentido de preservar e manter o direito à educação para todos.

Por exemplo, a escola em que você estuda ou estudou, tem Biblioteca? Como é o acervo literário? Tem laboratório de Biologia, Química, Física? Aulas práticas? Para onde vai a nossa educação formal escolar? O que estamos fazendo para que professores e alunos tenham as melhores condições de estudo e aprendizagem?

É aí que entra a história de Malala Yousafzai e torna o Dia de Malala tão importante para nós. Ela era apenas uma criança quando começou suas atividades em favor da educação. Cabe a cada um de nós participar, interagir, solicitar que o sistema educacional em nosso país, em nosso estado, em nossa cidade, seja mantido como direito para todos e com qualidade.

Ao mesmo tempo, a atitude de Malala nos mostra a coragem de defender o que considera certo, não somente para ela, mas para a comunidade. Em que situação vimos algo errado e não tivemos coragem para intervir. Agir embasado nos valores morais e éticos, fazer o que é certo e correto, melhorar o nosso entendimento e compreensão dos procedimentos para colaborar visando o bem de todos.

A história de Malala é de resistência e luta diante de uma situação que chegou a um extremo indesejável. E a sua história, é de quê? (09/07/2025)